quarta-feira, 17 de março de 2010

Lula diz que 'desavença' entre EUA e Israel pode ser 'mágica' para acordo de paz

No final de sua viagem histórica aos territórios palestinos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a recente desavença entre os Estados Unidos e Israel pode ser "a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo" entre israelenses e palestinos.

"De vez em quando, acontecem coisas impossíveis. O que parecia impossível aconteceu: os Estados Unidos tendo divergências com Israel. Quem sabe essa divergência era a coisa mágica que faltava para que se chegasse ao acordo", declarou o presidente na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, sem dar detalhes de como a discordância entre os dois países possa promover a paz no Oriente Médio.

Na semana passada, durante visita a Israel do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o governo israelense anunciou a construção de 1,6 mil casas em Jerusalém Oriental, região que é considerada a capital de um futuro Estado Palestino.

Para Hillary Clinton, secretária de Estado americana, o anúncio dos assentamentos num momento em que os Estados Unidos se esforçavam para reabrir as negociações de paz entre as partes foi "um insulto".

Na coletiva de imprensa que deu ao lado do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, Lula também fez um apelo para que as duas facções palestinas se reconciliem.

Segundo ele, "o acordo de paz exige a participação de todas as forças", referindo-se a ruptura entre o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o Fatah, do presidente palestino.

"A Palestina não realizará seu sonho se estiver desunida", declarou Lula.

Abbas reconheceu a importância dessa união entre os dois grupos palestinos.

"A união é muito importante. Precisamos assinar o acordo apresentado pelo Egito e estamos esperando que o Hamas vá ao Egito para assiná-lo", disse Abbas, em referência ao acordo entre as partes mediado pelo país africano ao longo de vários meses.

O texto, cujo principal item é a organização de eleições presidenciais e legislativas em junho, foi aprovado pelo Fatah, mas não pelo Hamas.

Palestinos x Israel O presidente brasileiro voltou a criticar o bloqueio à Faixa de Gaza e à Cisjordânia imposto por Israel.

"O bloqueio à Gaza não pode continuar. O muro da separação deve vir abaixo. O mundo não suporta nenhum tipo de muro", disse Lula.

O presidente palestino garantiu que seus compatriotas vêm cumprindo os pedidos feitos por Israel, mas que seus vizinhos não têm feito o mesmo.

"Nós concordamos com as negociações indiretas e não temos condições antecipadas. Queremos que sejam aplicadas as regras internacionais (...) Aplicamos o que nos foi pedido e Israel precisa cumprir seus compromissos, entre eles a suspensão da construção de todos os assentamentos, inclusive em Jerusalém. Não queremos nenhum outro caminho", disse Abbas.

Mas Lula enfatizou que para se chegar à paz é preciso ouvir o outro lado, dizendo que é preciso lutar pelos direitos dos palestinos, mas sem desrespeitar Israel.

Contribuição brasileira "Estou convencido de que novos atores poderão arejar as negociações estancadas", disse o presidente Lula, acrescentando que "o Brasil está convencido de que pode contribuir".

"Eu acho que o Brasil deve estar disposto a conversar com quem quer que seja. Não existe força política, de direita ou de esquerda, que, se puder ajudar, o Brasil não tenha disposição de conversar. O acordo de paz exige que todas as forças envolvidas participem do processo", declarou o presidente brasileiro.

Segundo ele, o governo brasileiro estaria disposto inclusive a sediar encontros para promover um acordo de paz.

Lula também disse na coletiva não acreditar que exista algum ser humano mais otimista do que ele.

"Saio da palestina mais otimista do que cheguei", declarou.

Antes da dar a coletiva de imprensa, o presidente Lula havia participado da inauguração da Rua Brasil, em frente da sede da Autoridade Nacional Palestina, e visitado o túmulo do líder palestino Yasser Arafat, morto em 2004.

A próxima escala da visita do presidente brasileiro à região será na Jordânia, onde se encontrará com a família real local.

* do UOL Notícias

sexta-feira, 12 de março de 2010

EUA dão mau exemplo sobre protecionismo, afirma Sarkozy

LONDRES (Reuters) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, acusou Washington nesta sexta-feira de dar mau exemplo sobre protecionismo, sugerindo que não houve igualdade de competição na corrida por um contrato militar de 50 bilhões de dólares.

A fabricante de materiais bélicos norte-americana Northrop Grumman e a europeia EADS se retiraram na segunda-feira de uma nova licitação para fornecer tanques de guerra à força aérea dos Estados Unidos, dizendo que as regras favorecem a líder rival Boeing, maior exportadora dos EUA. Agora, a Boeing é a única disputando o contrato.

Perguntado sobre o que pensava sobre a questão durante uma coletiva de imprensa conjunta com o premiê britânico, Gordon Brown, Sarkozy fez um ataque mordaz sobre como os EUA tinham lidado com o assunto.

"Eu não gostei dessa decisão... Essa não é a forma correta de se comportar", disse Sarkozy.

"Alguns métodos dos EUA não são bons para seus aliados europeus, e tais métodos não são bons para os EUA, uma grande nação da qual nós somos próximos e amigos", acrescentou.

"Se eles quiserem ser ouvidos na luta contra o protecionismo, eles não devem dar o exemplo de protecionismo."

(Reportagem de Emmanuel Jarry, Adrian Croft e Estelle Shirbon)

* do UOL Notícias

sábado, 6 de março de 2010

Narcotráfico: Clinton diz que EUA são «parte do problema»


Hillary Clinton reforçou o apoio dos EUA no combate ao tráfico de droga

Por: Redacção /VG
Hillary Clinton
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A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, admitiu esta sexta-feira, num encontro com presidentes da América Central, que os Estados Unidos são «parte do problema» do narcotráfico na América Latina, pois o país é o principal consumidor de cocaína do mundo.

«Sabemos que somos parte do problema», afirmou a secretária de Estado dos EUA, junto do presidente do Guatemala, Alvaro Colom.

Clinton reforçou o compromisso dos EUA na luta contra o problema da região, utilizada como local de passagem e de armazenamento de drogas, adianta a Globo.

«A segurança é o principal objectivo e, através da Iniciativa de Segurança Regional Centro-Americana e de outras alianças no México e no Caribe, vamos combater o crime organizado, as quadrilhas internacionais e o tráfico de drogas e manter as pessoas mais seguras», assegurou.

O presidente da Guatemala sustentou que o esforço para combater o narcotráfico deve ser conjunto, pois não vê apenas «a invasão de cartazes mexicanos no país, mas a invasão do narcotráfico internacional».

«Acredito que, graças à nossa relação com os EUA e o México e, a partir de hoje, com El Salvador e Honduras, podemos lutar contra o flagelo do narcotráfico», concluiu o presidente.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Para Hillary, Brasil e EUA têm expectativas diferentes em relação ao Irã


Camila Campanerut
Do UOL Notícias

Em Brasília
AFP Hillary Clinton encontra-se com Celso Amorim durante reunião no Congresso brasileiro

Atualizada às 17h42

Em entrevista coletiva concedida no Palácio do Itamaraty, em Brasília, na tarde desta quarta-feira (3), a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que o governo brasileiro ainda acredita numa resposta positiva às tentativas de diálogo com o Irã em prol da não produção de armas nucleares.

“Eu acho que o Brasil acredita que há espaço para negociação. Nós achamos que a negociação e o esforço de boa-fé não parecem bem-recebidos pelo Irã”, defendeu a secretária.

“O que observamos é que o Irã vai para o Brasil, China e Turquia e conta histórias diferentes para evitar as sanções. Nós continuaremos a discutir essas questões”, afirmou. Hillary lembrou que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem feito, há mais de um ano, tentativas de diálogo com o país asiático, e que, além dos 20% do urânio enriquecido, eles estariam atuando de forma velada, escondendo da comunidade internacional o real tamanho de sua produção nuclear.

Já o chanceler brasileiro, Celso Amorim, reforçou o posicionamento brasileiro de dar mais tempo ao governo de Ahmadinejad para evitar sanções. “A questão é de saber qual o melhor caminho para chegar lá ou se estão esgotadas as possibilidade de negociação. Nós acreditamos que ainda há oportunidade de se chegar a um acordo, talvez exija um pouco de flexibilidade de parte a parte”, disse o chanceler.

“Nós pensamos com a nossa própria cabeça. Nós queremos um mundo sem armas nucleares, certamente sem proliferação”, afirmou Amorim, ao lado da secretária de Estado. “Não se trata de se curvar simplesmente a uma opinião que possa não concordar [no caso do grupo liderado pelos Estados Unidos]. Nós não podemos ser simplesmente ser levados.”

Contudo, Amorim ressaltou que vale à pena o esforço para continuar a negociar, para evitar que se repita o que aconteceu com o Iraque, em 2003, quando ficou comprovado que as insinuações norte-americanas sobre a produção nuclear escondida iraquiana acabaram sendo infundadas naquele momento.


Para a secretária, apesar de os Estados Unidos se disporem a negociar com o Irã, as chances são limitadas por causa da falta de interesse do Irã. Ela avalia que o ideal seria buscar um caminho pacífico. “Nós acreditamos que um esforço em favor das negociações, de boa fé, por parte do Irã seriam bem aceitos. Temos de fazer tudo pacificamente para evitar. Vamos continuar a consultar o Brasil”, disse.

Honduras
Com relação ao país caribenho, o governo dos Estados Unidos espera do Brasil um reconhecimento de Estado democrático que o país retomou após a eleição direta que sagrou Pepe Lobo como presidente. Todavia, o chanceler brasileiro voltou a optar pela cautela antes de expressar apoio a Honduras.
Grupo de discussão

* Qual deveria ser a postura do governo brasileiro em relação ao programa nuclear iraniano?

“Nossas posições são parecidas. Evidentemente, o Brasil deseja ver um futuro de normalidade na região, mas países que, [como o Brasil] tiveram trauma de viver um golpe militar, não podemos tomar estas coisas levemente. Temos acompanhados com muita atenção os gestos do novo presidente de Honduras”, explicou Amorim.



O ministro destacou que o governo brasileiro tem apreciado o trabalho de Lobo em demitir o chefe de Estado Maior, responsável pelo sequestro do ex-presidente deposto Manuel Zelaya e que a aproximação de lideranças ligadas a Zelaya. O ministro voltou a dizer que a ação que mais sensibilizaria o Brasil a reconhecer o governo hondurenho seria a criação de condições para receber Zelaya de volta.

Venezuela
Questionada por um dos jornalistas sobre a atuação americana na Venezuela, Hillary foi categórica. “Posso apenas reiterar o que dissemos: não participamos de nenhuma missão que possa prejudicar de alguma forma a Venezuela. Nos preocupamos e consideramos prejudicial [o que vem ocorrendo]. Estão sendo minadas pouco a pouco as liberdades e isso prejudica o povo venezuelano”, defende.

A ex-senadora por Nova York e ex-primeira dama dos Estados Unidos apontou que seguir os exemplos de Chile e Brasil seria uma boa opção para o governo de Hugo Chávez.

O chanceler aproveitou a deixa para enfatizar a parceria diplomática com o país que não se curvam às políticas norte-americanas. “Concordo muito com o ponto da Venezuela olhar para o sul. Por isso convidamos a Venezuela para integrar o Mercosul , que será positivo em todos os sentidos”, disse.


Hillary Clinton fala sobre o programa nuclear do Irã durante visita ao Brasil


Atos de cooperação
Hillary Clinton disse que o Brasil é um "parceiro valioso" para os Estados Unidos. Durante a visita ao Brasil, Hillary assinou três atos de cooperação entre os dois países. Um se refere à implementação de atividades de cooperação técnicas em outros países. O segundo é um memorando de entendimento de Brasil e Estados Unidos sobre cooperação em ações relativas a mudanças climáticas. Já o terceiro documento propõe um entendimento dos dois Estados para o avanço na condição da mulher.

“(...) Ambos os governos compartilham o desejo de fortalecer a cooperação no intuito de fomentar o desenvolvimento econômico, aprimorar o atendimento médico e promover a inclusão social em países selecionados cujos principais desafios se situam na área da pobreza, conforme mensurada pelos indicadores de desenvolvimento mundiais(...)”, diz o texto do primeiro ato.

Hillary elogiou ainda o programa de segurança alimentar brasileiro e disse que, nesse quesito, os Estados Unidos são um parceiro estratégico do Brasil.

Visitas
Mais cedo ela visitou o Congresso Nacional. Hillary deixou o Congresso por volta de 9h50, depois de se reunir a portas fechadas com o presidente do Senado, José Sarney (PMBD-AP), o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e parlamentares na sala da presidência do Senado.

Segundo relato de parlamentares que participaram do encontro, ela afirmou que o Brasil pode desempenhar um papel "estratégico" no sentido de "mudar" os objetivos nucleares do governo iraniano.

“A ênfase da pauta foi o Irã e abertura do diálogo com o Brasil sobre a questão. Falou um pouco sobre a reforma na saúde, que vem ocorrendo nos EUA, porém não tocou no assunto da compra dos 36 caças”, contou o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).

"Ela disse que o Irã não somente está desenvolvendo armas nucleares visando a Israel como também procurando manter uma hegemonia em todo o Oriente Médio", disse Sarney. “Ela pediu para que o Brasil colaborasse na política de não proliferação de armas [nucleares]. Eu tive a oportunidade de dizer que o Brasil é signatário de um tratado nesse sentido”, acrescentou Sarney.

Para Temer, a secretária de Estado saiu da reunião convicta de que o Brasil terá capacidade de ajudar os EUA a dialogar com o Irã.

* do UOL Notícias

quarta-feira, 3 de março de 2010

Hillary Clinton visita o Congresso e se reúne com Lula


* A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, desembarcou ontem à noite
na Base Aérea de Brasília, em aeronave que decolou de Santiago, no Chile

Da Agência Brasil
Em Brasília


A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, visita hoje (3), às 9h, o Congresso Nacional, onde conversará com os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney.

Às 11h30, ela vai ao Itamaraty para reunião e almoço com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Eles assinarão memorandos de entendimento sobre questões de gênero e mudanças climáticas entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e a United States Agency for International Development (Usaid).

Será examinado ainda o estabelecimento do Diálogo de Parceria Global entre o Brasil e os Estados Unidos, que prevê reuniões anuais dos dois ministros. Depois das reuniões com o ministro, a secretária concede entrevista.

Às 15h, Hillary Clinton será recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Do Brasil, ela segue para a Costa Rica, onde se reunirá com o presidente Oscar Arias e com a presidente eleita Laura Chinchilla.