segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O pai e o avô de Trump: o historial que o liga ao Ku Klux Klan

 Na semana passada, o "Huffington Post" publicou um artigo sobre os "falhanços do Partido Republicano" em desenterrar "podres" de Donald Trump antes do início oficial da corrida à nomeação do partido. Nesse artigo, o jornal americano referia que "não sendo um segredo que as campanhas dos rivais foram apanhadas de surpresa pela subida meteórica de Donald Trump na corrida republicana", é "alarmante" que continuem a ver-se à nora para impedir que seja ele o nomeado do partido para disputar as presidenciais de novembro.
O trabalho que o partido conservador não fez encabeça agora a lista de conteúdos dos media norte-americanos, perante a cada vez mais real possibilidade de ser Trump o vencedor da corrida republicana. Este fim de semana, em vésperas da importante Superterça-feira que, segundo as mais recentes sondagens, irá cimentar a liderança do incendiário magnata, não faltaram notícias potencialmente embaraçosas sobre o passado do candidato e da sua família.
Primeiro, o pré-candidato republicano foi levado ao engano pelo Gawker, que o pôs a citar Benito Mussolini no Twitter. Isso não melindrou Trump, que veio a público defender a ação. "Eu sei quem disse aquilo. Mas que diferença faz se foi Mussolini ou outra pessoa? É uma citação interessante. Provavelmente, por isso é que eu tenho no Facebook e no Twitter 14 milhões de pessoas a seguir-me. É uma citação interessante e as pessoas podem falar dela."

UM AVÔ DENTRO DE UM CAVALO DE TRÓIA

Recentemente, Donald Trump voltou a criticar a política de "portas abertas" da chanceler alemã Angela Merkel, dizendo que não quer "imigrantes da Síria", que parecem que "pertencem a equipas de wrestling", a entrar nos EUA da mesma forma que estão a entrar na União Europeia. Na sua visão, estes refugiados servem de "cavalo de Tróia", infiltrando-se nos países ocidentais para levarem a cabo a jihad islâmica.
O interessante dessas declarações, avançou o "Raw Story" na passada sexta-feira, é que foi exatamente a expressão "cavalo de Tróia" que foi usada por muitos conservadores durante a I Guerra Mundial para classificar os alegados planos de imigrantes alemães chegados aos Estados Unidos anos antes. O avô do atual candidato republicano, Friedrich Trump, foi um de entre os 1,8 milhões de alemães que atravessaram o Atlântico entre os anos 1880 e 1890.
Quando regressou à Alemanha com a pequena fortuna acumulada nos EUA, foi acusado de "emigração ilegal", de fuga aos impostos e de não cumprir o serviço militar obrigatório. Friedrich Trump acabaria por voltar para os Estados Unidos, onde foi acusado de proxenetismo — numa altura em que era forte a propaganda contra imigrantes alemães, considerados inimigos e o tal "cavalo de Tróia" da Alemanha para conquistar o país.

TAL PAI, TAL FILHO

Este domingo, três pessoas foram esfaqueadas na Califórnia durante uma marcha do revigorado Ku Klux Klan (KKK). Cinco membros do grupo de extrema-direita foram detidos e outras sete pessoas continuam igualmente sob detenção por espancarem membros da milícia, avançou o sargento Daron Wyatt à Associated Press.
O caso ganha importância redobrada considerando que, na manhã de domingo, horas antes de o grupo que apoia declaradamente a candidatura de Trump ter atuado, o pré-candidato republicano recusou por três vezes condenar esse grupo em entrevista à CNN.
"Eu não sei nada sobre esse David Duke, ok? Eu nem sequer sei nada sobre isso de que fala, da supremacia branca", declarou quando confrontado pelo jornalista do canal sobre as suas ligações ao antigo líder do KKK, que na passada quarta-feira pediu aos ouvintes do seu programa de rádio que se mobilizem em torno do candidato republicano. "Ele que faça o que ele acha que é necessário para se tornar Presidente dos EUA", respondeu Duke, citado pelo "The Daily Beast".
Entre as críticas e o horror expressado pelos rivais de Trump, pela barricada democrata e por milhares de utilizadores das redes sociais, os media desenterraram uma notícia de setembro do ano passado, em que o site "Boing Boing" apresenta documentos que provam que também o pai do líder da corrida republicana manteve ligações ao famigerado KKK.
De acordo com esse artigo, em 1927 Fred Trump integrou um grupo de mil pessoas que entraram numa batalha campal com 100 agentes da polícia, em Queens, Nova Iorque, durante uma manifestação racista do grupo. Refere o site "Death and Taxes"que, embora haja a possibilidade de o Fred Trump citado na lista de sete pessoas detidas nesse evento seja outra pessoa, outros documentos parecem comprovar que se tratou mesmo do pai de Donald Trump. Da mesma forma que a possibilidade de Fred Trump ter apenas estado no sítio errado à hora errada perde força considerando que foi representado em tribunal pelo mesmo advogado de defesa dos membros do Ku Klux Klan.

MAIS ESCÂNDALO, MENOS ESCÂNDALO

Em circunstâncias normais, o acumular de escândalos em torno de Donald Trump seria suficiente para acabar com as suas possibilidades de garantir a nomeação republicana e disputar as presidenciais com o rival democrata. Mas se algo já ficou provado neste ano de eleições norte-americanas, é que nada é como costumava ser.
Ao contrário do que tem acontecido, foi e continua a ser difícil prever quantos eleitores optam por votar em Trump nas primárias e caucus republicanos que começaram no estado do Iowa a 1 de fevereiro e que vão continuar em marcha até à Convenção Nacional Republicana em julho — de onde sairá o candidato final às eleições. Em grande parte, isto acontece porque o único fator de peso que une os apoaintes do candidato não tem a ver com idade, nem género, nem raça, nem estrato social, nem afiliação partidária. Tem, sim, a ver com autoritarismo e a fuga de milhões de pessoas descontentes em direção ao candidato que está disposto a tudo, para alegadamente defender os interesses dos americanos e "tornar a América grande outra vez".
A julgar pelas três vitórias consecutivas de Trump nos estados que já foram a votos nas primárias republicanas, e sobretudo perante as mais recentes sondagens para a Superterça-feira, disputada amanhã, o estilo racista e autoritarista continua a valer-lhe mais e mais apoios. E se mais provas eram precisas de que a possibilidade de Trump conseguir a nomeação está a tornar-se numa probabilidade, eis uma anedota sem piada da vida real: a 20 de fevereiro, o governador republicano do estado do Maine, Paul LePage, fez um discurso arrebatador a defender que todos os republicanos têm de se unir contra Donald Trump. A 26 de fevereiro, LePage engrossou a lista de membros do partido que deram o seu apoio formal ao magnata.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Como Hillary Clinton conquistou o voto negro para obter vitória folgada na Carolina do Sul

"Se pudessem, votariam por um terceiro mandato de Barack Obama". A frase do comentarista da rede CNN reflete a popularidade do presidente dos EUA entre a população afroamericana.

Mas como Obama não poderá ser reeleito no pleito de 8 de novembro, o voto negro, majoritariamente democrata, parece estar consolidado a favor de Hillary Clinton.
A ex-secretária de Estado alcançou neste sábado uma vitória contundente sobre Bernie Sanders nas primárias democratas da Carolina do Sul, com 75% dos votos.
O triunfo se explica, sobretudo, pelo apoio da população afroamericana.
Segundo pesquisas de boca de urna, 87% dos negros votaram em Hillary, que se consolida como favorita para ser a candidata democrata, após vencer três das quatro primárias realizadas até agora.
Seis de cada dez eleitores nas primárias de sábado eram afroamericanos, e 70% deles afirmaram apoiar a continuidade das políticas de Obama, o primeiro afroamericano a ocupar a Casa Branca.
Legado de Obama
Ciente do papel chave do voto negro, Clinton fez uma espécie de imersão na cultura do sul do país nos últimos dias, mas principalmente acolheu o legado de Obama, seu rival nas primárias de 2008 e com quem trabalhou como secretária de Estado de 2009 a 2013.
"Espero que continuemos construindo sobre as conquistas do presidente Obama", disse Hillary na noite de sábado, em discurso de celebração da vitória na Carolina do Sul.
Sanders fez críticas e elogios ao falar de Obama, enquanto Hillary se colocou como sucessora das políticas liberais e reformistas do atual presidente.
Isso agrada ao eleitorado afroamericano, que sempre teve forte relação com Hillary durante sua trajetória como primeira-dama, senadora por Nova York e secretária de Estado.
Sanders, por outro lado, é senador por Vermont, Estado de pouca presença afroamericana.
Hillary procura se espelhar em Obama em quase tudo. "Os melhores anos dos Estados Unidos ainda estão por vir", afirmou ela no sábado, em mensagem de esperança ao estilo Obama.
Outra frente que a candidata soube explorar para ganhar o voto negro foi a presença com mães de jovens negros que morreram em casos polêmicos de enfrentamento com a polícia ou violência armada, como Trayvon Martin e Eric Garner.
Episódios de mortes de jovens negros nos últimos meses provocaram uma onda de protestos entre a comunidade afroamericana dos EUA, bem como a criação do grupo Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
"Quero homenagear cinco mulheres extraordinárias que percorreram o Estado comigo e para mim. Cinco mães unidas pela tragédia", afirmou Hillary diante das apoiadoras.
Segundo pesquisas, a vitória de sábado pode ser apenas o prenúncio de um grande triunfo de Hillary na chamada "Super Terça" desta semana.
A população negra representa a maioria dos democratas do sul do país, e voltará a ser chave em Estados como Georgia, Alabama, Tennessee, Texas e Virginia, que fornecem um número alto de delegados para a eleição de novembro.
Haverá primárias em 11 Estados nesta terça, o que pode oferecer um panorama claro da corrida democrata.
Se Clinton voltar a vencer com ampla margem nos Estados do Sul, começará a se distanciar de Sanders, cujo êxito entre eleitores brancos e jovens pode não ser suficiente diante da predominância de Hillary entre negros e hispânicos.
Essas duas últimas minorias, cada vez mais importantes e sempre inclinadas ao lado democrata, foram essenciais nas vitórias de Obama em 2008 e 2012.


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Trump recebe apoio de governador de Nova Jersey às vésperas da "super terça"

O pré-candidato republicano à Presidência dos EUA Donald Trump foi pego de surpresa nesta sexta-feira ao receber o apoio do governador do Estado norte-americano de Nova Jersey, Chris Christie, o republicano mais proeminente a cerrar as fileiras do ex-apresentador de reality show na disputa pela Casa Branca.

Christie disse que o empresário bilionário é quem tem mais chance de derrotar a pré-candidata democrata Hillary Clinton na eleição presidencial de 8 de novembro. A candidatura de Trump, o favorito nas pesquisas, despertou polêmicas e chacoalhou o Partido Republicano até as raízes.

Trump está "reescrevendo o roteiro", afirmou Christie, de 53 anos, que até duas semanas atrás era rival de Trump na briga pela indicação republicana.

Ex-promotor, Christie vem sendo cogitado nos círculos de sua legenda como procurador-geral em potencial, mas disse que não recebeu nenhuma oferta de emprego em um eventual governo Trump.

Trump, de 69 anos, nunca ocupou um cargo público e vem fazendo campanha na posição de candidato alheio ao meio político. Ele vem surfando uma onda de revolta dos eleitores com a lentidão da recuperação econômica, a imigração ilegal e o que afirma ser a diminuição do papel dos Estados Unidos no mundo.

"A melhor pessoa para derrotar Hillary Clinton em novembro presente naquele palco na noite passada (quinta-feira) é sem dúvida Donald Trump", disse Christie em uma coletiva de imprensa um dia depois de um debate dos pré-candidatos presidenciais no Texas e antes de um comício de Trump no mesmo Estado.

O aval do governador dá a Trump, da vizinha Nova York, um impulso antes da série de prévias partidárias do dia 1o de março, a chamada 'super terça-feira'.

Trump, um magnata do setor imobiliário sem papas na língua, venceu três prévias em seguida em New Hampshire, Carolina do Sul e Nevada, convencendo alguns republicanos mais destacados de que pode estar desfrutando de um ímpeto já irrefreável, especialmente se acumular vitórias nos caucus cruciais do sul do país daqui a quatro dias.


A ex-secretária de Estado Hillary está disputando a indicação democrata com Bernie Sanders, senador de Vermont.

Trump se comprometeu a erguer um muro na fronteira com o México para deter a imigração ilegal, pediu uma proibição temporária à entrada de muçulmanos nos EUA e prometeu ser duro nas relações comerciais com a China.

Seus adversários, Marco Rubio e Ted Cruz, partiram para cima de Trump no debate acalorado de quinta-feira, um último recurso para evitar que o bilionário conquiste novas vitórias nas prévias da semana que vem, o que pode lhe garantir a indicação do Partido Republicano.

Adele proíbe suas músicas na campanha de Trump

Mas eles só arranharam Trump, de acordo com pesquisas de opinião e mercados de aposta na Internet.

Rubio, senador da Flórida, voltou ao ataque nesta sexta-feira durante um comício em Dallas. "Gente, temos um golpista como favorito do Partido Republicano", disse.



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Tiroteio em fábrica nos EUA deixa mortos e feridos

Pelo menos quatro pessoas foram mortas e 14 ficaram feridas, nesta quinta-feira (25), depois que um homem abriu fogo contra a fábrica de cortador de grama Excel Industries, em uma pequena cidade do Kansas, centro-oeste dos Estados Unidos, informou o xerife local.
O xerife do condado de Harvey, T. Walton, disse que o atirador, empregado da fábrica na cidade de Hesston, matou três pessoas e acabou abatido por policiais.
"O atirador levou um tiro e foi morto. É um funcionário da Excel", afirmou Walton. "Foi um incidente horrível que aconteceu aqui", disse, lamentando que "muitas pessoas vão ficar muito tristes, antes de tudo isso acabar".

De acordo com a emissora de TV local KWCH, ele era Cedric Ford, de 38 anos. Sua identidade foi confirmada por outros funcionários da Excel Industries, onde ele trabalhava como pintor. Ele teria publicado uma foto no Facebook com um fuzil nas mãos.

A polícia e os serviços de emergência foram ao local. Os feridos foram transportados em ambulâncias e helicópteros a hospitais da região. Após os disparos, os funcionários foram reunidos em um dos prédios da fábrica. As escolas da região foram fechadas.
Não há informações sobre os estados de saúdes dos feridos.
De acordo com o xerife, houve diferentes cenas de crime. Primeiro os policiais receberam um relato de que um homem que dirigia um caminhão foi alvo de tiro. Depois, que havia um "atirador ativo" na fábrica da Excel Industries. Outras duas cenas estão sendo investigadas.
Testemunhas disseram à TV local KWCH12 que um homem em um caminhão entrou no estacionamento da fábrica, disparou contra uma pessoa e depois entrou no edifício. Testemunhas também relataram que o agressor atirou, primeiro, em uma mulher no estacionamento da Excel Industries, antes de entrar na área de montagem da empresa e abrir fogo.
"Queremos saber o que deflagrou isso. Precisamos saber a história do atirador e, então, temos de tentar curar as feridas", disse Walton a uma emissora de televisão local.
Um homem que afirmou ser tio de uma das vítimas disse que um jovem, de 21 anos, recebeu quatro tiros nas costas.
Outra testemunha, que estava dentro da fábrica no momento do tiroteio, disse que correu para salvar sua vida enquanto o atirador passava pela área de montagem com um fuzil de assalto AK-47 e uma pistola 9mm.



quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Donald Trump vence caucus em Nevada, mostram projeções

O pré-candidato republicano Donald Trump venceu sua terceira prévia seguida nesta terça (23), segundo projeções da rede de televisão CNN e das agências de notícias Reuters, France Presse, Associated Press e EFE.
Por volta de 6h desta quarta (24), com 77,7% da apuração em Nevada, Donald Trump seguia na frente com 45,15% dos votos, seguido por Marco Rubio, com 23,53%; Ted Cruz, 22,26%; Ben Carson, 5,1%; e John Kasich, 3,48%.
Com o expressivo resultado em Nevada (Trump tem mais votos que o segundo e o terceiro colocados somados), ele amplia suas chances de ser o indicado do Partido Republicano para concorrer à presidência dos EUA na eleição de 8 de novembro.
"Serão incríveis dois meses", disse Trump, ao discursar - quando o resultado oficial ainda mostrava cerca de 5% de apuração -, sobre os próximos estados que realizarão prévias. "Nós talvez nem precisaremos dos próximos dois meses."
"Tivemos 46% dos votos entre os latinos. Eu estou realmente feliz por isso", ressaltou Trump no discurso. Na sequência, o bilionário voltou a falar sobre sua polêmica proposta de construir um muro entre os Estados Unidos e o México - e fazer o país vizinho pagar por isso.
A vitória de Trump já era prevista, pois todas as pesquisas o mostravam com dois dígitos de vatangem sobre seus oponentes. A grande questão é quem ocupará o segundo lugar, Cruz ou Rubio, que travam uma disputa acirrada desde o início das prévias republicanas.
O primeiro estado a realizar sua prévia foi Iowa, em 1º de fevereiro, onde o republicano Ted Cruz e a democrata Hillary Clinton saíram vencedores. Na sequência foi a vez de New Hampshire, onde os eleitores preferiram Donald Trump e Bernie Sanders. No sábado (20),Hillary venceu a primária democrata em Nevada  e Trump foi o vencedor do caucus republicano na Carolina do Sul.
Prévias
Até o dia 14 de junho (veja o calendário completo), eleitores de todo o país irão indicar delegados para representá-los nas convenções de cada partido. Para ser apontado candidato, um democrata precisa ter os votos de 2.382 dos 4.763 delegados disponíveis. Para um republicano, é preciso conquistar 1.237 dos 2.472 delegados disponíveis no partido.
A próxima etapa será uma primária democrata na Carolina do Sul, no sábado (27). Em seguida, a grande expectativa gira em torno da Super Terça, em 1º de maio, quando ocorrem decisões simultâneas em 14 estados e no território de Samoa Americana.

O estado que irá indicar o maior número de delegados de ambos os partidos - a Califórnia - será um dos últimos a realizar suas primárias, marcadas para 7 de junho.
Tanto primárias quanto caucuses têm duas modalidades diferentes: fechada, na qual votam apenas os eleitores registrados em cada partido, e aberta, em que qualquer eleitor pode votar no pré-candidato que escolher de um dos partidos (mas não nos dois). Alguns estados, como Ohio, Califórnia e Nova Jersey, adotam um sistema misto.
Os dois partidos definem em julho quem serão seus candidatos oficiais. A convenção do Partido Republicano acontece antes, entre os dias 18 e 21 de julho, em Cleveland, Ohio. Já o Partido Democrata aponta seu candidato oficial ao final de uma convenção realizada entre 25 e 28 de julho, na Filadélfia, Pensilvânia.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Morte de juiz conservador gera batalha pela Suprema Corte dos EUA

A morte do um dos mais conservadores membros da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia, desencadeou uma série de discussões sobre sua sucessão e pode gerar uma grande disputa dentro do governo do país.

Scalia, de 79 anos, foi indicado em 1986 pelo presidente Ronald Reagan e morreu no sábado.

O presidente americano, Barack Obama, disse que vai nomear o próximo juiz e todos esperam que ele tente indicar um nome de tendência liberal que ajude na aprovação de programas que Obama quer deixar como legado de seu governo.

Mas o Senado, de maioria republicana, é quem ratifica a indicação e a relação difícil entre os legisladores e o executivo pode causar uma difícil batalha pela Suprema Corte americana.

Antes da morte de Scalia a Suprema Corte tinha uma maioria conservadora.

Agora os líderes conservadores e pré-candidatos que tentarão ser nomeados para representar o Partido Republicano na corrida presidencial pediram que a indicação de um novo juiz da Suprema Corte seja adiada para depois das eleições.

A morte de Antonin Scalia ocorreu apenas 11 meses antes do fim do mandato do presidente Obama. Os republicanos do Senado sofrerão muita pressão de alguns conservadores para fazer tudo o que puderem para atrasar a confirmação do substituto do juiz até que um novo presidente assuma o cargo em 20 de janeiro de 2017.

E isto pode envolver a desacelaração das audiências de confirmação no comitê do Senado e a obstrução de qualquer indicado.

O período mais longo que o Senado já usou para confirmar a nomeação de um juiz da Suprema Corte foi de 125 dias.

Importância

A composição dos nove magistrados da Suprema Corte dos Estados Unidos estava dividida entre cinco conservadores e quatro liberais.

A opinião e voto de cada um é crucial. Muitas das decisões históricas da corte foram decididas pela margem mínima.

E o juiz Scalia era mais do que um simples voto entre os nove magistrados. Ele era um dos defensores mais ferozes do conservadorismo.

Scalia foi um dos grandes defensores da doutrina do "originalismo", que argumenta que o texto da Constituição americana não pode ser mudado, não está sujeito a interpretações "modernas".

Ele foi o autor de uma decisão que revogou as restrições ao porte de armas e manteve que a Segunda Emenda consagrava o porte de armas como um direito constitucional nos Estados Unidos.

As discordâncias exaltadas de Scalia foram ouvidas novamente em casos recentes como a decisão sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo ou a constitucionalidade da reforma do setor de saúde proposta por Barack Obama. E serviram como grito de guerra para os conservadores do país.

Empate?

Depois de um período de luto, a Suprema Corte americana retomará suas atividades com apenas oito magistrados, antes da indicação de um substituto.

Entre as decisões polêmicas que os juízes terão de analisar está a tentativa dos Estados de aumentar a regulamentação das clínicas de aborto, a questão racial nas admissões em universidades e a ação executiva tomada por Obama a respeito da imigração.

Mas, com apenas oito juízes, a corte poderia terminar em um empate de quatro a quatro na maioria dos casos mais polêmicos.

Se isto acontecer a Suprema Corte perde seu peso legal. A decisão das cortes inferiores seria então a lei.

Em outras palavras, nas maiores polêmicas legais do momento, a Suprema Corte ficaria efetivamente impotente até que um novo juiz seja nomeado.

Jogo de estratégia

A escolha do próximo juiz poderá se transformar no grande jogo de estratégia em Washington nas próximas semanas.

Entre os nomes que Obama poderá indicar está o de Sri Srinavasan, um juiz de descendência indiana, Jane Kelly ou Paul Watford. Os três são jovens, algo muito importante quando se busca longevidade na Suprema Corte.

Os três nomes são populares entre os liberais ainda que não tenham um grande histórico de decisões polêmicas. Mas os juízes da Suprema Corte não precisam ter um currículo muito extenso.

Normalmente, quando há uma vaga na corte, o presidente nomeia um substituto depois de poucas semanas.

Depois da nomeação do presidente o Comitê do Judiciário do Senado realizará audiências nas quais a pessoa indicada passa por questionamentos intensos. E então o Senado confirma ou não o indicado.

Para esta confirmação é necessária apenas uma maioria simples dos cem membros. Mas alguns senadores poderiam tentar obstruir o processo.

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, do Kentucky, já emitiu um comunicado indicando suas preferências.

"O povo americano deveria ter uma voz na escolha do próximo magistrado na Suprema Corte. Esta vaga não deveria ser preenchida até que tenhamos um novo presidente", afirmou.

Um assistente do senador Mike Lee, que integra o Comitê do Senado, tuitou que as probabilidades de Obama indicar com sucesso o substituto de Scalia eram "menores que zero".

Campanha

A morte de Scalia já afetou também a campanha dos pré-candidatos tanto do lado republicano como no lado democrata.

Hillary Clinton, pré-candidata democrata, lembrou a todos que é Obama quem deve indicar o substituto.

Obama "é o presidente dos Estados Unidos até 20 de janeiro de 2017. Isto é fato, meus amigos, não importa se os republicanos gostam ou não", disse Clinton.

O outro pré-candidato, Bernie Sanders pediu que "andem logo com isso".

Donald Trump, que lidera as pesquisas para ser o candidato do Partido Republicano, disse que os senadores do partido devem "atrasar, atrasar e atrasar" a escolha do substituto de Scalia.

O pré-candidato texano Ted Cruz afirmou que o partido precisa evitar perder influência na Suprema Corte que poderia durar "uma geração".

Barack Obama já avisou que vai nomear o novo magistrado "no prazo devido" e acrescentou que espera que o Senado respeite sua escolha para a corte e "cumpra sua responsabilidade de dar à pessoa uma audiência justa e uma votação adequada".


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

'WSJ': Círculos viciosos que alimentam o dólar viram desafio para os EUA

Matéria publicada nesta quinta-feira (4) no The Wall Street Journal, analisa que o dólar está no centro de um emaranhado de círculos viciosos que está golpeando os mercados financeiros e economias no mundo todo. A situação está chegando a um ponto em que o Federal Reserve, o banco central americano, poderá ser obrigado a agir.
Segundo a reportagem, mesmo depois de recuar, o fortalecimento do dólar nos últimos 18 meses continua sem precedentes. Nesse período, a moeda americana avançou 21% ante o euro e 15% contra o iene — ganhos que se tornam pequenos perto das altas em relação a várias moedas de países emergentes. O dólar subiu 72% ante o real, 49% contra o rand sul-africano e 117% sobre o rublo russo.
Esses movimentos estão tornando mais difícil para as empresas americanas concorrerem globalmente em preço e reprimindo ainda mais a inflação nos Estados Unidos, num momento em que o Fed quer que ela suba. Uma valorização ainda maior do dólar pode piorar a situação e, ao mesmo tempo, intensificar pressões globais que podem colocar a economia americana em risco.
Reconhecendo isso, o Fed e sua presidente, Janet Yellen, poderão não só reduzir o número de altas de juros planejadas para este ano, mas até não fazer nenhuma. Os mercados futuros, que no começo do ano indicavam que o investidor apostava em 50% de chances de que o Fed aumentaria os juros em sua reunião de março, agora mostram uma expectativa de que o banco central vai desistir da ideia.
Entre as várias forças relacionadas que estão sustentando a alta do dólar está o desempenho da economia americana, que é melhor que o de muitas outras e tornou os EUA mais seguros para os investidores globais. O Fed elevou os juros, enquanto os outros principais bancos centrais do mundo estão estimulando suas economias. Os preços do petróleo e de outras matérias-primas caíram fortemente, colocando os países produtores de commodities em risco e prejudicando ainda mais o crescimento global.


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Pré-candidatos republicanos ironizam Trump durante debate

O milionário Donald Trump elevou as apostas, ao boicotar o debate desta quinta-feira entre os pré-candidatos do Partido Republicano à presidência , mas seus rivais se encarregaram de torná-lo bastante presente, com piadas e sarcasmo.
Participaram do debate os senadores Ted Cruz (Texas), Marco Rubio (Flórida) e Rand Paul (Kentucky); o cirurgião aposentado Ben Carson; os governadores Chris Christie (Nova Jersey) e John Kasich (Ohio); e o ex-governador Jeb Bush (Flórida).
"Sou maníaco e todo mundo nesta tribuna é burro, gordo e feio. E Ben, você é um cirurgião horrível", disse o senador Ted Cruz, com olhar irônico para o cirurgião aposentado Ben Carson, imitando o magnata que lidera as pesquisas de opinião.
"Nos livramos da parte Donald Trump", declarou, fazendo rir vários dos presentes no Des Moines Hall, onde sete dos principais pré-candidatos do partido se reuniram para o debate final antes das primárias em Iowa, em 1º de fevereiro, primeira etapa no processo de indicação à presidência.
Depois, Cruz agradeceu aos oponentes que compareceram ao debate "por mostrarem respeito pelos homens e mulheres de Iowa".
Nos debates anteriores e ao longo da (pré-)campanha, Trump foi o rei dos ataques pessoais contra os adversários, incluindo Cruz e, sobretudo, o ex-governador da Flórida Jeb Bush.
"Eu meio que sinto falta do DT. Ele era um ursinho de pelúcia para mim. Sempre tivemos uma relação amorosa nesses debates, no intervalo e nos tuítes", brincou Bush hoje.
"Queria que estivesse aqui", acrescentou, irônico.
Trump se negou a participar do debate, por causa de uma controvérsia que se arrasta há meses com a Fox News, a emissora de televisão favorita dos conservadores.
O empresário acusa a rede de parcialidade, alegando que a apresentadora Megyn Kelly não é justa em suas perguntas.
Foi a própria Megyn, inclusive, que ressaltou a ausência de Trump, ao pedir aos pré-candidatos que "falassem do elefante que não está na sala".
Imigração e Política Externa
Último antes do "caucus" de Iowa, o debate transcorreu de forma tranquila, mas não sem confrontos entre os senadores de origem cubana Ted Cruz e Marco Rubio. Este se encontra em um distante terceiro lugar nas pesquisas em nível nacional.
Os dois trocaram acusações no tema migratório, especialmente sobre as posições de cada um diante do futuro dos cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal nos EUA - latinos, em sua maioria.
Cruz acusou Rubio de ter apoiado um projeto de regularização em massa no Senado americano, em 2013.
"Quando se travou a batalha, meu amigo, o senador Rubio, escolheu o lado de Barack Obama", atacou Cruz.
"A verdade é, Ted, que, durante essa campanha, você disse, ou fez, qualquer coisa para ganhar votos", rebateu Rubio, lembrando o rival de que trabalhou no plano de imigração do presidente George W. Bush.
Durante duas horas, os candidatos discutiram sobre Segurança Nacional, Islã radical, ou sobre as estratégias para combater o grupo Estado Islâmico.
Cada um se apresentou, sem surpresa, como a melhor alternativa para comandar as Forças Armadas americanas.
A favorita entre os concorrentes democratas, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, foi um dos alvos preferidos dos ataques.
"Deixem-me lhes dizer quem não está qualificada para ser presidente dos Estados Unidos: Hillary Rodham Clinton", apontou o governador de Nova Jersey, Chris Christie.
Os republicanos também se concentraram na ameaça "jihadista".
"Acredito que, apenas com uma América forte, derrotaremos o grupo radical chamado Isis (acrônimo do Estado Islâmico em inglês)", defendeu o senador Rubio.
"Se capturarmos alguns desses assassinos do Isis vivos, eles vão para Guantánamo, Cuba", prometeu.
O senador Cruz se defendeu, ao ser questionado sobre seu polêmico apelo por bombardeios contra o EI, embora não tenha votado no pedido de autorização de Defesa do presidente Barack Obama por três anos seguidos.
"Você alega que é difícil discutir bombardeio. Não é difícil, é uma estratégia militar básica, diferente do que vimos com Barack Obama", justificou.
Em Iowa, segundo a média das últimas pesquisas feita pelo site RealClearPolitics, Cruz já tem uma diferença de cerca de 5% em relação a Trump.
Contando com o apoio de lideranças evangélicas-chave e de figuras antiaborto que abraçam seus valores conservadores e religiosos, o senador Ted Cruz insiste em que é possível vencer a corrida.
Sua equipe de campanha garante que ele conta com uma monumental força de mobilização de cerca de 12.000 voluntários e funcionários em todo o estado.
Em nível nacional, Donald Trump continua subindo. Na enquete recente da CNN/ORC feita com eleitores republicanos, Trump registra 41%, contra 19% de Cruz. Mais de dois terços dos republicanos acreditam em que o bilionário será o candidato do partido na disputa pela Casa Branca.
Enquanto todas as atenções se voltam para Iowa, os 12 pré-candidatos republicanos e três democratas já aquecem os motores para New Hampshire, Carolina do Sul e Nevada.
O show de Trump
Em um evento de arrecadação de doações para veteranos de guerra transmitido pela rede CNN, a apenas alguns quilômetros do estúdio, Trump zombou da Fox e de seus adversários, declarando que o debate seria "um desastre total", com baixos níveis de audiência.
Cerca de 15 minutos após o início do debate, Donald Trump alfinetou os rivais.
"Eu disse que não iria ao debate em respeito por mim mesmo", afirmou, ao cumprimentar o público de cerca de 700 pessoas no campus da Universidade Drake.
"Mas amo Iowa. Estou aqui", frisou.
"Quando você é maltratado, você tem de defender seus direitos", disse ele às dezenas de ex-combatentes na plateia, referindo-se ao incidente com Megyn Kelly.
Também afirmou que pelo número de câmeras de televisão em seu evento, parecia que estava nos "prêmios da Academia".
"Preciso recuar e dizer que a Fox foi extremamente gentil comigo nas últimas horas. Eles realmente queriam que eu estivesse lá. Eles me ligaram alguns minutos atrás. 'Você pode vir?' Aí eu disse: 'mas já não começou?'", divertiu-se Trump.
"A Fox foi muito gentil. Eles se desculparam e tudo, mas, como eu tinha começado a organizar essa noite para vocês, veteranos, não podia mais voltar atrás", justificou.
Brevemente interrompido por alguns opositores que deixaram o local, o magnata fez questão de ressaltar que ele próprio doou US$ 1 milhão para os veteranos americanos.
Sem decolarem nas pesquisas, o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee e o ex-senador Rick Santorum (Pensilvânia) acompanharam Trump no evento.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Iowa dá a largada na corrida eleitoral pela Casa Branca nos EUA

Na segunda-feira (1º), os eleitores dos Estados Unidos começam a definir quem serão os candidatos à presidência do país nas eleições de 8 de novembro.
A primeira prévia acontece em Iowa, onde um caucus irá eleger 52 delegados democratas e 30 republicanos, que vão representar o estado na convenção final de cada partido, em julho. Esses delegados não são obrigados a votar nos candidatos que a maioria dos eleitores escolher, mas costumam seguir as indicações.
Na última quinta-feira (28), uma média de pesquisas compiladas pelo Huffington Post apontava que, entre os republicanos, Donald Trump é favorito em Iowa, com 32,2%, seguido de Ted Cruz (24,7%), e Marco Rubio (13,5%).
Entre os democratas, a disputa é bem mais acirrada: Hillary Clinton lidera com 46,2%, mas Bernie Sanders aparece bem próximo, com 45,3%.
Decisão

Ainda que seja o primeiro estado a revelar sua preferência, Iowa não costuma ser decisivo na escolha final dos candidatos. Os dois últimos republicanos vencedores no estado, por exemplo, foram Rick Santorum (2012) e Mike Huckabee (2008), que não chegaram a disputar a presidência do país.
No dia 9 acontece a primeira votação primária, em New Hampshire, onde serão escolhidos 32 delegados democratas e 23 republicanos. A primária é o sistema adotado na maior parte dos estados e se assemelha a uma eleição tradicional, com o uso de cédulas e voto secreto.
Tanto as primárias quanto os caucuses têm duas modalidades diferentes: fechado, na qual votam apenas os eleitores registrados em cada partido, e abertas, em que qualquer eleitor pode votar no pré-candidato que escolher de um dos partidos (mas não nos dois).
Alguns estados, como Ohio, Califórnia e Nova Jersey, adotam um sistema misto, com votações abertas e fechadas.
Super Terça
A agenda de caucuses e primárias prossegue em todo o país até 14 de junho. A data mais influente deve ser a “Super Terça”, em 1º de março, quando 14 estados e o território de Samoa Americana terão votações simultâneas, nove deles adotando o sistema de primárias e seis realizando caucuses. Veja aqui o calendário completo.
O estado que irá indicar o maior número de delegados de ambos os partidos, a Califórnia, será um dos últimos a realizar suas primárias, marcadas para 7 de junho. Lá serão escolhidos 546 democratas e 172 republicanos que votarão nas convenções finais.
Outros estados considerados chave por seu grande número de delegados são Nova York (291 democratas e 95 republicanos), Flórida (246 democratas e 99 republicanos) e Texas (252 democratas e 155 republicanos).
Convenções
Os dois partidos definem em julho quem serão seus candidatos. A convenção do Partido Republicano acontece antes, entre os dias 18 e 21 de julho, em Cleveland, Ohio.
O Partido Democrata realiza sua convenção entre 25 e 28 de julho, na Filadélfia, Pensilvânia.