terça-feira, 29 de julho de 2008

George Bush aprova execução de membro do Exército dos EUA



Medida é o primeira do tipo em mais de 50 anos; condenado estuprou e matou na década de 1980

Associated Press

Ronald A. Gray em foto de abril de 1988

AP

Ronald A. Gray em foto de abril de 1988

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aprovou o pedido do Exército americano para a execução de um soldado condenado por estupro e assassinato. Segundo a BBC, esta é a primeira vez em mais de 50 anos que um presidente americano autoriza uma sentença de morte para um integrante das Forças Armadas. Roland Grey foi condenado em 1988 por crimes cometidos quando servia na base do Exército no Estado americano da Carolina do Norte.



"Embora a aprovação de uma sentença de morte para um membro das nossas Forças Armadas seja uma decisão séria e difícil para um comandante-em-chefe, o presidente acredita que os fatos do caso não deixam dúvida de que a sentença é justa", disse em nota Dana Perino, porta-voz da Casa Branca.



Nos tribunais militares, "o soldado Gray foi condenado por cometer crimes brutais, incluindo dois homicídios, uma tentativa de homicídio e três estupros. As vítimas incluíam um civil e dois membros do Exército. As orações do presidente são para todas as vítimas destes crimes hediondos, suas famílias e todos os outras pessoas afetadas".



Em tribunais civis da Carolina do Norte, Gray se declarou culpado de dois assassinatos e cinco estupros e foi condenado a três e cinco cadeias perpétuas, respectivamente. Posteriormente, em uma corte marcial realizada em abril de 1988, foi declarado culpado de dois assassinatos, uma tentativa de assassinato e três estupros. O júri decidiu condená-lo à morte por unanimidade.




Diferentemente das cortes civis, um membro das Forças Armadas dos EUA não pode ser executado até que o presidente aprove a sentença de morte. Gray está no corredor da morte no Forte de Leavenworth, no Kansas, desde abril de 1988. Apenas 10 membros do Exército foram executados após a aprovação presidencial desde 1951, quando foi promulgado um novo Código da Justiça Militar.



O presidente Eisenhower foi o último líder americano a aprovar uma execução militar. Em 1957, ele aprovou a sentença de morte de John Bennett, um soldado do exército condenado no estupro e na tentativa de homicídio de uma garota austríaca de 11 anos. Ele foi enforcado em 1961.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Maior colônia brasileira, no exterior, está nos Estados Unidos

Brasília - Há mais de 20 anos, muitos brasileiros deixaram o país e partiram para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida, fugindo da crise pela qual o Brasil passava, durante a chamada “década perdida (1980)” e o início dos anos 90. De acordo com estimativas do Ministério das Relações Exteriores, cerca de 1,2 milhão de brasileiros moram nos Estados Unidos atualmente. Os números representam a maior colônia brasileira no exterior.

A presidente do Centro Josué de Castro, de estudos socioeconêmicos, professora aposentada da Universidade de Campinas (Unicamp) e pesquisadora bolsista no David Rochefeller Center for Latin American Studies, em Harvard (EUA) em 2000, Teresa Sales, destaca que a busca dessas pessoas era basicamente por melhores salários.

“As pessoas, em geral, em termos de status social, baixavam de status, eram professores, bancários, pessoas de uma classe média e que lá iam trabalhar no setor de serviços de baixa qualificação, como lavadores de prato, faxineiras.”

De lá para cá, ela destaca a estabilização da economia brasileira e a crise iniciada nos Estados Unidos, junto com a desvalorização do dólar frente ao real, como as principais mudanças. No entanto, mesmo com esses episódios – que chegaram a diminuir as remessas de brasileiros dos Estados Unidos – a professora afirma que não se pode, ainda, dizer que há um retorno significativo dessas pessoas.

Ao contrário, de acordo com ela, a perspectiva agora é a estabilização do fluxo migratório, com a formação de uma segunda geração, os filhos dos imigrantes. “Essa migração foi para ficar, não tem situação boa no nosso país que traga de retorno, trará alguns, mas não a totalidade dos que foram”.

“Os brasileiros que chegaram ainda criança, ou que nasceram lá – sobretudo estes, porque já nascem com a cidadania americana – e que estudam na escola americana, vão ter um domínio do idioma sem sotaque, o que não acontece com a primeira geração, e já vão ser cidadãos americanos, então isso muda inteiramente o quadro”, explica a pesquisadora.

Segundo ela, os que voltam são os que se especializaram no setor financeiro e já vêem no Brasil uma oportunidade concreta de bons salários. “Hoje em dia há grandes perspectivas no mercado brasileiro, com a abertura da economia, abertura das empresas na bolsa de valores, toda essa mudança considerável dos padrões da economia”, lembra Teresa.

Outras mudanças também foram constatadas pela professora nos últimos 20 anos. Ela destaca, por exemplo, a maior organização da comunidade. Se no início os brasileiros se vincularam mais a igrejas, hoje têm participação em várias associações. “Hoje em dia as lideranças da comunidade brasileira têm um contato forte com outras comunidades, sobretudo os hispânicos, os latinos que moram nos Estados Unidos. O que é muito importante, comparando ao estágio inicial”, analisa.

Apesar disso, uma característica continua presente: o fato de a maior parte dos brasileiros ainda estar irregular, sem a completa documentação de migração. Isso faz com que a principal demanda desses brasileiros seja exatamente a busca pela regularização da situação no exterior.

Para conhecer um pouco mais quem são os brasileiros que vivem em outros países e as necessidades dessas pessoas, o Ministério das Relações Exteriores organizou a 1ª Conferência sobre as Comunidades Brasileiras no Exterior. Com o slogan “Brasileiros no Mundo”, o encontro ocorre hoje (17), no Rio de Janeiro, e tem o apoio da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag).

Ana Luiza Zenker
Repórter da Agência Brasil

terça-feira, 15 de julho de 2008

O incrivelmente diminuído Bush

Há pouco consenso se a recente reunião do G8 pode ser considerada um sucesso para o meio ambiente. O que é certo é que o presidente americano George W. Bush teve pouca participação nos esforços para salvar o mundo. Ele não liderou, apenas seguiu -e o super-poder americano nunca pareceu tão pequeno quanto nesta semana.

A decisão do presidente americano de finalmente unir-se à luta global contra a mudança climática certamente deve ser bem recebida. Ainda assim, George W. Bush provavelmente poderia ter se poupado a longa viagem para a reunião de cúpula do G8 no Japão, onde a chanceler alemã Angela Merkel e os outros líderes tiveram que aumentar a pressão para fazê-lo mudar de idéia.

Ele talvez tivesse usado melhor seu tempo fazendo uma caminhada em torno da Casa Branca -sem a companhia de seus especialistas em interpretações duvidosas ou qualquer outros membros estrategistas do exército que passaram seu tempo tentando aliviar o homem mais poderoso do mundo de exercitar qualquer verdadeiro pensar.

Um pequeno passeio pela avenida Pensilvânia teria sido suficiente para dar amplas razões para o presidente agarrar o leme do movimento global com a intenção de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a dependência dos EUA do petróleo.

No pequeno posto de gasolina da rua 28, ele poderia ter observado um atendente tentando acalmar os motoristas irritados. O preço da gasolina dobrou desde o último verão, causando fúria entre motoristas de SUVs e outros carros que consomem muito -em outras palavras, dois terços de todos os motoristas americanos.

Essas pessoas não têm ninguém para repassar o seu custo extra com o combustível. As empresas, por outro lado, podem escapar de arcar com o custo crescente do combustível. Os serviços de entrega de pizza, por exemplo, repassaram os custos extra, motoristas de táxi de Washington implementaram a sobretaxa de US$ 1 para ajudar a cobrir os custos de gasolina, e as mercearias aumentaram os preços de tudo. A inflação agora está em 4%.

Bush também teria aprendido com o atendente do posto de gasolina quem as pessoas estão culpando por essa dependência perigosa de petróleo. Seu presidente, é claro. O texano teve a vida toda uma conexão, tanto política quanto privadamente, com o petróleo.

A próxima parada recomendada neste passeio ao longo do Capitólio seria do outro lado da avenida Pensilvânia, onde membros do Congresso fazem seu trabalho em suas salas refrigeradas. Os administradores confiantes dos Arabian Foreign Wealth Funds foram recentemente convidados aqui, homens cujos bolsos profundos estão transbordando de dinheiro dos postos de gasolina. Só o Abu Dhabi Investment Authority tem quase US$ 900 bilhões (em torno de R$ 1,8 trilhão) em fundos a sua disposição.

Com esse tipo de dinheiro, você pode financiar a guerra do Iraque por dez anos ou comprar todas as empresas de automóveis americanas, a fabricante de aviões Boeing e um dos grandes bancos de investimento de Wall Street. Já há um boato que os fundos soberanos da península árabe, Cazaquistão e Rússia não são automaticamente amigos dos americanos. O Irã, rico em petróleo, também está lucrando com a sede de petróleo dos EUA, o que explica tamanha unanimidade entre os senadores nas recentes audiências no Congresso sobre os preços dos combustíveis.

Estamos "enriquecendo os inimigos dos EUA", disse o senador John McCain, candidato presidencial republicano. O senador Barack Obama, seu oponente democrata, disse que a política energética dos EUA "permite que ditadores de regimes hostis ameacem a comunidade internacional". Afastar-se do petróleo com base na segurança nacional -não é algo que também deveria fazer sentido para o presidente?

Bush também teria sido capaz de visitar o escritório do "Washington Post", não muito distante do Escritório Oval. É ali onde o repórter de economia Steve Pearlstein escreve suas colunas astutas e não ideológicas, que recentemente lhe renderam o prêmio Pulitzer.

Pearlstein teve uma idéia tão simples quanto impopular sobre como o país poderia começar a economizar energia. Devemos aumentar os impostos sobre energia, disse ele. Essa também seria a melhor forma de cortar os lucros das empresas de petróleo. Como ele sabe disso?

"Bem, a teoria econômica geral é uma das minhas fontes", disse ele, a outra é o grito de guerra das empresas de petróleo toda vez que a idéia é debatida. Se Bush fosse seguir o conselho de Pearlstein, pela primeira vez em sua presidência ele poderia se tornar tanto impopular quanto útil. Até agora, ele só teve sucesso em uma dessas características.

Em seu caminho de volta para sua escrivaninha, o novo anúncio da empresa japonesa Sharp poderia chamar a atenção do presidente. A princípio ele talvez esperasse que o anúncio da empresa falasse das máquinas copiadoras, mas, em vez disso, diz que a Sharp é a maior produtora do mundo de células solares. O século 21 é a era dos fotovoltaicos, diz o anúncio. "Mude sua energia. Mude seu planeta."

É um lema que o presidente poderia ter adotado como seu, antes de partir para a reunião de cúpula.

Entretanto, o presidente não quer compreender isso, nem sair para passear. É por isso que, na reunião, os sete líderes menos poderosos tiveram que explicar o mundo ao homem mais poderoso. Eles estimularam o presidente dos EUA a finalmente contemplar um futuro sem petróleo, e o convenceram que a meta de redução de emissões de CO2 até 2050 é possível.

O presidente americano não liderou, ele acompanhou. O único super-poder do mundo raramente pareceu tão pequeno como nesta semana.

Tradução: Deborah Weinberg
Uol Notícias (Para Assinantes)

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terça-feira, 1 de julho de 2008

Lula quer explicações dos EUA sobre Quarta Frota

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que quer explicações dos Estados Unidos sobre a Quarta Frota da marinha americana, que reapareceu nas águas da América Latina quase 60 anos após ter sido desativada.

"Pedi ao ministro (das Relações Exteriores) Celso Amorim que pedisse à secretária de Estado americana (Condoleezza Rice) informações sobre os objetivos desta Quarta Frota", disse Lula, em entrevista coletiva no encerramento da 35ª Reunião de Cúpula do Mercosul, na cidade argentina de San Miguel de Tucumán.

A Quarta Frota da marinha dos Estados Unidos, criada em 1943 diante da ameaça nazista, havia sido desativada em 1950. A partir desta terça-feira, a unidade voltou a realizar operações nos mares da América Latina.

"Nós agora descobrimos petróleo em toda a costa marítima brasileira, a 300 quilômetros da nossa costa, e nós, obviamente, queremos que os Estados Unidos nos expliquem qual é a lógica desta Quarta Frota", afirmou Lula.

"Nós vivemos numa região totalmente pacífica", disse o presidente, ao afirmar que a única guerra na região é contra a pobreza e a fome.

"Se fosse frota de navios de alimentos, de navios de sementes, seria até razoável. Mas eu penso que isso o ministro Celso Amorim haverá de ter uma resposta da Condoleezza", disse.

Críticas

A reativação da Quarta Frota provocou críticas de líderes latino-americanos, como o cubano Fidel Castro e o presidente da Bolívia, Evo Morales.

Lula falou sobre o tema ao ser questionado sobre declarações feitas durante a reunião de cúpula pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que condenou essa presença da marinha americana na região.

Alguns analistas afirmam que o objetivo da medida seria controlar países da região com governos considerados "incômodos" por Washington, especialmente a Venezuela.

Porta-vozes militares americanos afirmam que a reativação da Quarta Frota não significa uma mudança de estratégia do país.

Segundo os Estados Unidos, trata-se de um ajuste operacional sem intenções agressivas, para melhorar a capacidade operativa no combate ao narcotráfico, manejo de desastres naturais e trabalhos de cooperação.

Pré-sal

Na entrevista ao final da reunião, o presidente Lula disse também que o Brasil vai começar a tirar os primeiros barris de petróleo da camada pré-sal no Estado do Espírito Santa em setembro.

"Em setembro deste ano vamos começar a fazer exploração experimental no Espírito Santo, numa área que foi descoberta recentemente pela Petrobras", afirmou Lula.

"E também vamos começar a fazer exploração experimental, com 20 mil barris, em Tupi, em março do ano que vem", disse.

Segundo o presidente, energia e alimentos foram os principais assuntos tratados nas reuniões bilaterais que teve nesta terca-feira com Chávez e com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

"O Brasil tem um potencial energético razoável e ainda não temos o petróleo da Venezuela, mas já encontramos a quantidade suficiente para nos dar tranqüilidade", disse Lula.

Argentina

Quando questionado sobre o pedido de Cristina Kirchner para que o Brasil envie maior quantidade de energia ao mercado argentino e com valor mais baixo que o atual, Lula disse que o país vai ajudar a Argentina a enfrentar sua crise energética.

"Não vamos deixar que o povo argentino sofra por conta do frio, por conta de falta de energia", disse o presidente, ao afirmar que o Brasil pode exportar energia elétrica.

Outro tema debatido entre Lula e a presidente argentina foi a Rodada de Doha de liberalização do comercio mundial. Uma reunião técnica dos dois países foi marcada para o dia 14.

"Eu disse que a Rodada de Doha é muito importante, mas que só faremos algo como Mercosul", disse Lula.
Hoje, a Argentina é definida como mais "cautelosa" que o Brasil nas discussões sobre o tema.

Inflação

Na entrevista, de cerca de 30 minutos, Lula falou ainda sobre a alta da inflação no Brasil.

"Tenho preocupação com a inflação acho que desde que comecei a trabalhar no meu primeiro emprego, em 1959. Eu sei o quanto a inflação prejudica os trabalhadores que vivem de salário. A inflação prejudica os mais pobres", disse.

"Temos total condições de controlar a inflação", afirmou o presidente.

"Não brincaremos com a inflação. Vivi, como dirigente sindical, inflação de 80% e 40% e posso garantir que isso não vai voltar a acontecer no Brasil", disse Lula.

MÁRCIA CARMO
da BBC Brasil, em San Miguel de Tucumán (Argentina)

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