quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Traços do governo Clinton começam a marcar gabinete de Obama



da Efe, em Washington

As últimas nomeações do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, demonstram certa pretensão em formar um gabinete experiente, em que nomes do governo de Bill Clinton (1993-2001) voltarão a estar presentes.
Jasmina Meyer/AP/29.out.2008
Obama repete nomes de ex-colaboradores da gestão Bill Clinton na nova equipe
Obama repete nomes de ex-colaboradores da gestão Bill Clinton na nova equipe

A escolha de Eric Holder, ex-número dois no Departamento de Justiça de Clinton, a quem segundo fontes democratas Obama ofereceu o departamento, vem para confirmar o destaque que nomes desse gabinete terão no governo.

Segundo a revista "Politico", 31 dos primeiros 47 postos da equipe de transição ou cargos do gabinete foram parar nas mãos de antigos colaboradores de Bill Clinton. Como por exemplo, Gregory Craig, antes número três no Departamento de Estado com Bill Clinton, e que, a partir de janeiro, será assessor jurídico da Casa Branca.

É preciso acrescentar também o nome de Rahm Emanuel, alto assessor durante a Presidência Clinton e futuro chefe de gabinete com Obama e o de Ron Klain, chefe de gabinete com o vice-presidente Al Gore, que desempenhará a mesma função ao lado do vice de Obama, Joe Biden.

Larry Summers, secretário do Tesouro de Bill Clinton, é um dos nomes que mais aparecem com força para o Departamento do Tesouro. Fora isso, existe a possibilidade de que a senadora por Nova York, Hillary Clinton, fique à frente da diplomacia americana, no Departamento de Estado.

Obama reconheceu, em entrevista para TV divulgada no domingo, que se reuniu com a senadora, embora tenha evitado dizer se incluirá ou não Hillary em seu governo. O fato do futuro presidente ter se rodeado de rostos conhecidos --hoje a rede de televisão americana CNN anunciou que o ex-líder da maioria democrata no Senado, Tom Daschle, será o secretário de Saúde Pública--, coloca dúvidas se Obama materializará realmente a mudança prometida.

Quando Emanuel foi escolhido, por exemplo, alguns dos aliados de Obama na esquerda expressaram preocupação. Emanuel é considerado um centrista e defensor da rejeição ao Nafta (acordo de livre-comércio da América do Norte), ao que se opôs a ala mais populista do Partido Democrata.

Reações similares poderiam ser geradas pela designação de Hillary Clinton, a quem os ativistas contra guerras não querem ver por seu apoio à invasão do Iraque. Enquanto isso, a equipe de Obama pede calma ao insistir que será "uma mudança com experiência" e ressaltam que o espírito pragmático guia um processo de seleções que procura "gente competente capaz de fazer seu trabalho".

Larry Sabato, prestigioso analista político da Universidade da Virgínia, assinala hoje, em declarações ao jornal diário "Financial Times", que "as nomeações até o momento deixam clara uma coisa: não há recompensa para os aliados nem castigo para os inimigos". "Tudo se baseia em um critério: Quem pode me ajudar melhor a conseguir meus objetivos?", disse Sabato.

Obama deixou claro que não punirá seus adversários, capitaneados por sua rival nas primárias democratas Hillary Clinton, e antecipou inclusive que deve haver algum republicano em seu futuro governo.

Aparentemente, o democrata quer seguir os passos do ex-presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1861-1865), que incluiu adversários políticos em sua administração. "Acho que ele era um homem muito sábio", disse Obama, no domingo, em referência a Lincoln durante uma entrevista à rede de televisão americana CBS.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Conheça 50 curiosidades sobre Barack Obama

colaboração para a Folha Online

O próximo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, entrou para a história ao ser o primeiro presidente negro eleito no país. Desde o anúncio da vitória, na semana passada, o futuro ocupante da Casa Branca chama a atenção do mundo.

Maternidades dos EUA têm registrado números cada vez maiores de recém-nascidos que receberam o nome "Barack" ou "Obama". A "Obamania" também contagiou a Europa. Em Paris, donos desfilam pelas ruas com cães vestidos com camiseta com foto de Obama. Nos Estados Unidos, a população comemora a chegada do novo presidente e espera mudanças nas políticas adotadas pelo governo de George W. Bush.

Em meio a tanta curiosidade sobre o futuro ocupante da Casa Branca, nesta quarta-feira, o jornal britânico "The Daily Telegraph" publicou uma lista "com 50 fatos que você deve saber sobre Obama". Confira:

1- Coleciona revistas "Homem-Aranha" e "Conan, O Bárbaro";

2- Era conhecido como O'Bomber na escola por seu talento para o basquete;

3- Seu nome significa "aquele que é abençoado", em línguas nativas do Quênia;

4- A refeição favorita é linguini de camarão feito por sua mulher, Michelle Obama;

5- Ganhou um Grammy em 2006 pela versão em áudio do seu livro de memórias "Sonhos do Meu Pai";
Reprodução
Capa do livro de Barack Obama intitulado "Sonhos de meu Pai"
Capa do livro de Barack Obama intitulado "Sonhos de meu Pai"

6- É canhoto --o sexto da história dos Estados Unidos pós-guerra;

7- Leu todos os livros da série "Harry Potter";

8- Tem um par de luvas de boxe vermelhas autografadas por Muhammad Ali;

9- Trabalhou em uma loja de sorvete quando era adolescente e depois disso não suporta comer esse tipo de doce;

10- Seu lanche favorito é barra de proteínas de chocolate com amendoim;

11- Comeu carne de cachorro, de cobra e grilo cozido quando morou na Indonésia;

12- Fala espanhol;

13- Durante a campanha, se recusou a assistir ao canal CNN e preferiu um de esportes;

14- Sua bebida preferida é chá gelado de amora;

15- Prometeu a Michelle Obama que iria parar de fumar antes de concorrer à Presidência (não parou);

16- Tinha um macaco de estimação chamado Tata quando morou na Indonésia;

17- Na academia, consegue levantar peso com até 90 kg;

18- Tinha o apelido de Barry antes de entrar para a universidade. Depois pediu para ser chamado pelo nome completo;

19- Seu livro favorito é "Moby Dick", de Herman Melville;

20- Foi à despedida de solteiro do noivo de sua irmã, mas foi embora quando uma mulher que faria striptease chegou;

21- A mesa usada em seu gabinete do Senado pertenceu a Robert Kennedy;

22- Ele e Michelle ganharam US$ 4,2 milhões no ano passado, principalmente com a venda de seus livros;

23- Seus filmes favoritos são "Casablanca" e o "Estranho no Ninho";

24- Para dar sorte, carrega um pequeno medalhão com a Virgem Maria e menino Jesus e uma pulseira que pertencia a um soldado do Iraque;

25- Se candidatou para fazer fotos para um calendário, quando estudava em Havard, mas foi rejeitado por um comitê feminino;

26- Entre os músicos favoritos estão Miles Davis, Bob Dylan, Bach e The Fugees;

27- Levou Michelle para assistir ao filme "Do the Right Thing" ("Faça a Coisa Certa", em tradução livre), do diretor Spike Lee;

28- Gosta de jogar pôquer e scrabble (palavras cruzadas jogadas em um tabuleiro);

29- Não toma café e raramente consome bebidas alcóolicas;

30- Se não fosse político, gostaria de ter sido arquiteto;

31- Quando adolescente, consumiu drogas como maconha e cocaína;

32- As filhas desejam estudar em Yale antes de se tornarem atriz (Malia,10) e dançarina e cantora (Sasha, 7);

33- Detesta a moda dos jovens que usam calças com cintura baixa;

34- Pagou seu empréstimo estudantil há quatro anos, somente depois de assinar com a editora que publica seus livros;

35- Sua casa em Chicago tem quatro lareiras;

36- A madrinha de Malia é a filha de Jesse Jackson, Santita;

37- A pior mania é checar a toda hora o telefone BlackBerry;

38- Usa um computador Apple Mac;

39- Dirige um Ford Escape Híbrido, que substituiu seu Chrysler 300;

40- Usa terno Hart Schaffner Marx que custa de US$ 1.500;

41- Tem quatro pares idênticos de sapatos pretos;

42- Corta cabelo uma vez por semana em uma barbearia de Chicago, que cobra US$ 21;

43- As séries de TV favoritas são "Mash" e "The Wire";

44- Recebeu, do Serviço Secreto dos EUA, o nome secreto de Renegado;

45- Era chamado pelo apelido de Bar por sua avó;

46- Planeja construir uma quadra de basquete na Casa Branca;

47- Seu artista favorito é Pablo Picasso;

48- Chilli é sua especialidade na cozinha;

49- Disse que muitos dos seus amigos na Indonésia eram crianças de rua;

50- Tem em sua mesa uma escultura de origem africana que representa a fragilidade da vida -- uma mão de madeira segurando um ovo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Primeira Guerra ajudou a desenhar ordem mundial na qual EUA lideram

MÁRCIA SOMAN MORAES
da Folha Online

Há exatos 90 anos, a Alemanha assinou armistício proposto pelas nações vencedoras e pôs fim a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), conflito que deixou mais de dez milhões de mortos, destruiu a economia européia e colocou os Estados Unidos na liderança do cenário global, posição que ocupam ainda atualmente.

"A Primeira Guerra é um momento no qual os países europeus percebem, pela primeira vez, que seu império está chegando ao fim. Foi um momento-chave para toda a Europa, o começo do fim e a troca do eixo de poder do Velho Continente para os EUA", diz Christopher Capozzola, professor de história do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e autor do livro "Uncle Sam Wants You: World War I and the Making of the Modern American Citizen" ("Tio Sam Quer Você: Primeira Guerra Mundial e a Construção do Cidadão Americano Moderno").

E justamente os EUA, que hesitaram em entrar na guerra sob a forte influência do seu isolacionismo, foram os grandes vencedores do conflito. "A Primeira Guerra é o que realmente confirma os EUA como um poder mundial, um país que guia relações internacionais e tem papel central no mundo pelo resto do século 20 e até hoje", continua o professor.

Contudo, as mudanças que ocorreram na ordem mundial --o fortalecimento dos americanos na liderança global e a destruição dos impérios europeus-- não podem ser avaliados somente como conseqüências da Primeira Guerra.

Segundo o historiador Antônio Totta, da PUC (Pontifícia Universidade Católica), em São Paulo, o crescimento dos EUA é resultado de um processo de disputa de poder na Europa que começa na Primeira Guerra, mas que terá seu fim somente em 1945, com o término da Segunda Guerra e o novo colapso das nações européias.

"Na verdade, é tudo uma coisa só, as duas são guerras européias que ganharam proporção mundial. E, mesmo com 30 anos de distância, a Segunda Guerra Mundial é em vários aspectos a continuação da Primeira Guerra", diz Totta.

Uma nova guerra

Os países europeus anunciaram o primeiro conflito mundial como a guerra que acabaria com todas as guerras, porém o fato é que, como apontam os professores, ele criou o contexto de colapso econômico e extremismo político que levou à Segunda Guerra.

"A polarização política foi resultado de um cenário caótico, de colapso econômico e desesperança", disse Capozzola. "Isso se torna um ciclo de várias formas. Eu acredito, como a maioria dos historiadores, que se as condições econômicas estivessem melhores na Europa, na época, talvez a Segunda [Guerra] não tivesse acontecido."

Para Totta, fica difícil imaginar a Revolução Russa de 1917 --que derrubou o regime czarista-- e o nazismo alemão sem a Primeira Guerra. "A guerra demonstra a falência do Exército russo czarista e abre oportunidade para o crescimento da proposta socialista", disse o historiador.

Já na Alemanha, o fracasso do Tratado de Versalhes --que estabeleceu os termos do fim da guerra-- em reconstruir o país combinado à crise econômica permitiu o crescimento do regime extremista de Adolf Hitler. "Os vencedores proibiram a entrada da Alemanha na discussão sobre o Tratado e impuseram a ela uma perda territorial que deixou cinco ou seis milhões de alemães morando em países estrangeiros", afirmou.

Foi o caminho para o surgimento do extremismo de direita não só na Alemanha, como na Itália, outro país da perdedora Tríplice Aliança, formada ainda pelo Império Austro-Húngaro.

Caminho para a paz

O fracasso em estabelecer a paz não foi apenas do Tratado de Versalhes, mas da Liga das Nações, primeira entidade diplomática global que anos mais tarde inspiraria a ONU (Organização das Nações Unidas).

Criada no fim da Primeira Guerra para evitar um novo conflito e a morte de milhões, a Liga reuniu as forças vencedoras --a Tríplice Entente formada por França, Inglaterra e Rússia-- mas foi boicotada pelos EUA e não conseguiu abrir diálogo entre os históricos rivais ainda mais ressentidos pelas perdas do primeiro confronto.

"Os americanos saíram da Primeira Guerra sem estarem convencidos de que era importante o trabalho pesado que a paz internacional exige. Embora o presidente Woodrow Wilson fosse um grande pacifista, o Congresso o traiu e não aceitou a entrada do país na Liga", disse o conselheiro Eugênio Vargas Garcia, professor do Instituto Rio Branco.

Sem força diplomática para evitar o novo conflito mundial, a Liga simplesmente deixou de atuar até que foi encerrada depois da Segunda Guerra. "A Liga foi uma das principais conseqüências da Primeira Guerra e, embora tenha fracassado, foi o embrião da criação da ONU e de um novo tempo da diplomacia global", ressalva Garcia

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama é, mesmo, o "Bamba"!: Eleito 1º negro na presidência dos Estados Unidos



Democrata Barack Obama era favorito desde o estouro da crise financeira nos EUA, em meados de setembro

O democrata Barack Obama foi eleito no começo da madrugada desta quarta-feira o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e o 44º da história do país. O republicano John McCain já telefonou a Obama parabenizando-o pela vitória e fez seu primeiro discurso após a derrota dizendo "aplaudir" o caráter histórico da vitória de Obama.

O atual presidente do país, o republicano George W. Bush, também já telefonou para Obama para dar os parabéns.

Nascido em Honolulu, no Havaí, em 4 de agosto de 1961, Barack Hussein Obama é senador por Illinois em seu primeiro mandato. Ele passou a juventude na ilha americana, onde se destacou pelo serviço comunitário. Com um bom histórico escolar, Obama formou-se em direito na tradicional pela Universidade Harvard, onde conheceu sua mulher, Michelle, e trabalhou como professor e defensor dos direitos civis em Chicago, antes de ser eleito senador.
Obama era um rosto pouco conhecido no cenário nacional até vencer as acirradas primárias democratas contra Hillary Clinton --tida como grande favorita na disputa presidencial. A experiência da disputa com a ex-primeira-dama fortaleceu sua estratégia de campanha e a mostrou que a promessa de mudança em tempos de insatisfação política funcionava.

Com o slogan "Mudança na qual podemos acreditar", Obama entrou como preferido na disputa presidencial contra o veterano republicano John McCain.

O resultado confirma a vantagem consolidada nas pesquisas após o estouro da crise financeira norte americana que assola as Bolsas de todo o mundo.

O voto popular, porém, ainda precisa ser confirmado pelos colégios eleitorais, no processo de votação indireta americano. Como nos EUA a eleição presidencial é indireta, quem efetivamente define o novo presidente são os representantes dos colégios eleitorais. Cada Estado tem um número de representantes proporcional à sua população e o colégio tende a endossar o candidato escolhido pelo voto popular.

Economia

A vantagem, apontam analistas políticos, foi consolidada pelo estouro da crise financeira, em meados de setembro, com a quebra do tradicional banco Lehman Brothers. "Nenhum dos dois [presidenciáveis] realmente apresentou uma solução real para a crise em curto prazo, mas Obama foi quem mostrou melhor aos eleitores que era capaz de retomar o crescimento da economia americana", disse Donald Kettl, professor de ciência política da Universidade da Pensilvânia.

Para o professor, Obama criou uma imagem de otimismo e tranqüilidade que os americanos queriam ver em seu candidato. "Ele é um político muito bom, mostrou que é calmo e inspirou confiança com sua retórica afiada. Obama se tornou um movimento político", disse, em entrevista por telefone à Folha Online, da Filadélfia.

Obama se beneficiou ainda do erro do rival republicano que, meses antes da crise financeira abalar a economia mundial, admitiu que a economia não era seu ponto forte e foi duramente criticado.

Recordes

A vitória de Obama marca ainda o sucesso de sua estratégia de campanha baseada em objetivos grandiosos e financiada pela maior arrecadação de verbas da história da política americana.

"Obama buscou novas fontes e formas de financiamento. Ele aliou os tradicionais grandes doadores com as vantagens e inovações da internet", disse Marie Gottschalk, professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia e especialista em campanhas políticas, em entrevista à Folha Online, por telefone. O segredo do sucesso do senador, aponta Gottschalk, foi criar um entusiasmo inédito entre os jovens que se mobilizaram não apenas para votar, mas para arrecadar doações e incentivar mais pessoas a participarem do processo político.

Na internet, Obama provou que estava disposto a dar voz a todos os cidadãos. A campanha democrata montou 700 centros de jovens pró-Obama e, no Facebook, site de relacionamentos, mantém dois milhões de "amigos" contra 500 mil de McCain. Os jovens também aumentaram as platéias de seus comícios, que chegaram a reunir 100 mil pessoas.

"Obama levou a demagogia a um outro nível. Embora seja apenas um palpite, já que ainda não temos os dados sobre o perfil dos eleitores, é muito provável que a vitória de Obama seja resultado do entusiasmo inédito que ele causou nos jovens", avalia Gottschalk, acrescentando que o democrata deve influenciar a estratégia das próximas campanhas presidenciais nos EUA.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Política deixará de ser a mesma depois da disputa eleitoral de 2008

04/11 - 02:38 - The New York Times


A disputa de 2008 pela Casa Branca, que chega ao fim nesta terça-feira, mudou drasticamente a forma como as campanhas presidenciais são realizadas nos Estados Unidos, um legado que quase se perdeu em meio à disputa entre John McCain e Barack Obama.

As regras de como atingir os eleitores, arrecadar dinheiro, gerenciar as novas mídias, rastrear e moldar a opinião pública, além de realizar ataques políticos e se defender deles, até mesmo daqueles realizados por blogs que não existiam há quatro anos, foram modificadas. Isso mudou também a visão comumente aceita de um campo de batalha eleitoral preestabelecido, sugerindo que os democratas podem, no mínimo, disputar Estados e regiões que até então permaneciam fiéis ao partido republicano.

O tamanho e aparência do eleitorado pode ter mudado por causa dos esforços democratas em registrar e encorajar o voto de eleitores afro-americanos, hispânicos e jovens. Essa mudança irá repercutir por muito tempo na forma como os partidos constroem coalizões duradouras, especialmente se os programas tecnológicos de registração e comparecimento de eleitores derem certo.

"Eu acho que iremos analisar esta eleição por muitos anos como uma que foi definitivamente transformadora", disse Mark McKinnon, assessor das campanhas do presidente Bush em 2000 e 2004. "O ano em que as campanhas usaram a internet de forma nunca antes imaginada. O ano em que adotamos a velocidade da luz. O ano em que o paradigma foi revertido e realmente tudo passou a acontecer de baixo para cima e não de cima para baixo".

De certa forma, isso é resultado da forma como a campanha de Obama tentou entender e usar a internet (e outras formas das chamadas novas mídias) para organizar seus partidários e alcançar eleitores que já não se apoiam unicamente nas informações fornecidas pelos jornais e pela televisão. As plataformas usadas variaram do YouTube, que não existia em 2004, às mensagens de texto enviadas aos celulares que a campanha usou na segunda-feira, por exemplo, para lembrar os eleitores de votarem.

Ainda mais crucial para a forma como sua campanha transformou a política tem sido o sucesso com que Obama usou a internet para construir uma enorme rede de contribuidores que permitiu que ele gerasse dinheiro suficiente (depois de recusar o financiamento público) para ampliar seu mapa de ação e concorrer em Estados tradicionalmente republicanos.