segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Espanha pede contas aos EUA por 60 milhões de escutas
  Redação,    Terça, 29 de Outubro de 2013 - 03:57
 
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Reuters

Governo espanhol exige explicações aos Estados Unidos perante dados de registos secretos de milhões de telefonemas em apenas um mês

A bomba da espionagem ilegal norte-americana rebentou ontem em Espanha, com alegações de que, num mês, a Agência de Segurança Nacional (NSA) espiou mais de 60 milhões de chamadas em território espanhol.
Uma semana depois de o governo alemão ter obtido provas de que o telemóvel de Angela Merkel foi espiado pelo aliado americano, o executivo de Mariano Rajoy exigiu ontem que os Estados Unidos forneçam detalhes da espionagem a cidadãos espanhóis, com o ministro dos Assuntos Europeus, Inigo Méndez de Vigo, a convocar o embaixador dos EUA em Madrid para exigir esclarecimentos. Questionado por Vigo sobre as práticas "inapropriadas e inaceitáveis", o representante diplomático dos EUA prometeu esclarecer quaisquer "dúvidas" quanto à alegada espionagem.
Espanha junta-se assim ao Brasil, à Alemanha, a França e a Itália, países cujos líderes já exigiram explicações públicas sobre as revelações do ex-consultor da NSA Edward Snowden.
Ontem, representantes da Comissão de Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu falaram com membros do Congresso dos EUA sobre a espionagem a cidadãos e líderes europeus.
"Queríamos transmitir-lhes, em primeiro lugar, que a vigilância em massa de cidadãos da União Europeia é uma preocupação genuína", disse à BBC Claude Moraes, eurodeputado britânico que integrou a delegação. "Penso que nos ouviram e que querem dialogar." Ainda assim, Moraes diz que ele e os seus colegas não ficaram satisfeitos com as "respostas-tipo" que lhes foram dadas. "Estavam a responder-nos, mas não a dar--nos as respostas que queríamos. Estamos a ficar cansados desta conversa de que 'a espionagem sempre existiu'", acrescentou.
De acordo com fontes do governo alemão, Merkel também já enviou agentes das secretas para Washington a fim de obterem explicações sobre o facto de os seus telefones terem sido espiados durante uma década pelas agências de segurança norte- -americanas. Isto depois de os media alemães terem garantido que a vigilância aos telemóveis da chanceler só parou há meses.
A última alegação com base em documentos obtidos e divulgados por Snowden - neste momento a viver na Rússia, onde lhe foi concedido asilo por um ano depois de ter sido formalmente acusado de espionagem e traição à pátria no seu país - foi feita ontem pelo "El Mundo".
Segundo o diário espanhol, a NSA rastreou dezenas de milhões de chamadas, SMS e emails de cidadãos espanhóis entre Dezembro de 2012 e Janeiro de 2013. A monitorização, segundo dados fornecidos ao jornal, teve o seu pico a 11 de Dezembro.
Recorde-se que este escândalo de espionagem já levou a maioria dos eurodeputados a propor à Comissão Europeia que se suspenda o programa de troca de dados bancários de cidadãos europeus com os EUA como forma de pressão, até serem obtidas explicações. A Casa Branca tem recusado comentar oficialmente as alegações de espionagem ilegal a aliados.



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Espionagem de líderes europeus foi ordenada por Obama

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

EUA espionaram 35 líderes mundiais,

diz jornal

Casos descobertos até aqui - que envolveram a presidente Dilma Rousseff, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o governo da França - podem ser apenas a ponta do iceberg

Da Reportagem

Documentos da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) revelados pelo ex-agente secreto Edward Snowden indicam que pelo menos 35 líderes mundiais foram espionados pelos norte-americanos ao longo dos anos 2000. Casos descobertos até aqui - que envolveram a presidente Dilma Rousseff, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o governo da França - podem ser apenas a ponta do iceberg do escândalo de espionagem.
Os nomes desses líderes políticos não constam do documento publicado hoje pelo jornal britânico The Guardian. Segundo o relatório, de 27 de outubro de 2006 e identificado pelo número S203A, autoridades do Pentágono, do Departamento de Estado e da Casa Branca eram "encorajados a compartilhar suas agendas para que a agência pudesse acrescentar responsáveis políticos estrangeiros de primeiro plano ao seu sistema de vigilância". Traduzindo: membros do governo informavam números de celular de seus interlocutores estrangeiros para que eles passassem a ser espionados.
De acordo com a mesma nota, uma única autoridade norte-americana teria fornecido "200 números de telefone de 35 líderes internacionais". Isso "permitiu acesso a informações que deram outros números interessantes, solicitados a seguir", o que sugere que outros políticos passaram a ser monitorados. Por outro lado, as ligações monitoradas teriam "aportado poucas informações" à NSA.
As revelações do Guardian sucedem à revelação de que o celular da chanceler Angela Merkel foi grampeado pelo serviço secreto norte-americano. O caso provocou reação da líder alemã, que na quarta-feira telefonou para Barack Obama e cobrou explicações. Hoje, ao chegar em Bruxelas para a reunião de cúpula da União Europeia (UE), Merkel voltou ao tema. "Espionagem entre amigos não se faz", recriminou. "Os fatos são os fatos. Não podemos aceitar, seja de quem for, a espionagem sistemática."
A presidente Dilma Rousseff é uma dos 35 líderes mundiais foram espionados pelos norte-americanos (Foto: Divulgação)
A presidente Dilma Rousseff é uma dos 35 líderes mundiais foram espionados pelos norte-americanos (Foto: Divulgação)

Na segunda e na terça-feira, o governo de François Hollande, na França, descobriu algo semelhante. Documentos de Snowden obtidos pelo jornal Le Monde indicaram que órgãos governamentais em Paris e embaixadas no exterior, grandes empresas privadas e cidadãos foram alvo de monitoramento. No ano passado, escutas telefônicas já haviam sido localizadas no Palácio do Eliseu. Na quarta-feira, por outro lado, a presidência francesa foi mais flexível, dizendo querer "enquadrar" a espionagem norte-americana, mas compartilhando as demais informações entre os serviços secretos dos dois países.
Hoje, Merkel e Hollande insistiram em Bruxelas que medidas devem ser adotadas em escala continental para impedir que informações sensíveis sejam obtidas pela NSA. Com isso, a espionagem roubou a cena da imigração e tornou-se o tema preponderante da cúpula UE, que se encerra amanhã. Uma das propostas a serem analisadas nesse sentido é a que obriga os gigantes da internet, como Google, Yahoo, Facebook, Apple ou Microsoft - todas norte-americanas -, a não acessar certos dados de vida privada ou, ao menos, a não transmiti-los a serviços de espionagem.
Multas de € 100 milhões, ou de até 5% do faturamento das grandes companhias, seriam aplicadas às que desobedecessem a legislação. Grã-Bretanha, Irlanda e Holanda manifestaram reticências, mas hoje Merkel foi enfática. "Medidas são necessárias, e não se pode imaginá-las isoladamente. São necessárias medidas europeias", defendeu.
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Contraponto por Luigi Di Vaio
Luigi Di Vaio

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Aprovado acordo para evitar calote


   
   
Os Estados Unidos correram contra o tempo para escapar de um calote histórico e que iria afetar toda a economia mundial. Quando restavam apenas duas horas para terminar o prazo legal, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite de ontem acordo que permitirá a reabertura dos serviços públicos federais e a elevação do teto da dívida do país.

Isso garante que o país tenha recursos para pagar as contas. O prazo para que a aprovação desse aumento do teto da dívida terminaria à 0h (1h de Brasília) de ontem. A votação terminou às 23hs, também no horário de Brasília. Poucas horas antes, o texto já havia sido aprovado pelo Senado em um acordo fechado entre o líder da maioria, o democrata Harry Reid, e o líder da minoria republicana, Mitch McConnell.

O acordo, no entanto, oferece apenas uma solução temporária. A proposta autoriza o Tesouro a continuar se endividando até 7 de fevereiro. Também prevê a “reabertura” do governo americano até 15 de janeiro. A paralisação de repartições públicas e dos servidores devido ao impasse sobre o Orçamento já dura 16 dias. Um comitê será montado para discutir soluções permanentes para os dois problemas e terá até o início de dezembro para chegar a um acordo de longo prazo.

O consenso no Senado deixa mais próxima uma solução ao impasse entre republicanos e democratas que poderia levar o país a decretar o calote da dívida, um cenário com potencial de minar economias ao redor do globo.

Representantes do partido republicano deram indicações de que estão dispostos a aprovar a proposta apresentada pelas lideranças no Senado. A votação na Câmara era considerada um dos maiores desafios para o fim do impasse.

A sanção seria assinada na madrugada de hoje, segundo garantiu o presidente Barack Obama. Ele disse que falará mais sobre o assunto hoje.

Obama apontou, no entanto, que espera que da próxima vez udo seja mais tranquilo.”Temos que sair do hábito de governar por crises”, disse.Já o presidente da Câmara, John Boehner, um dos principais opositores ao governo Obama, admitiu derrota: “nós brigamos uma briga boa, nós só não vencemos”, afirmou. (com agências)
 

 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

EUA têm poucas e complexas opções para enfrentar default

Sobre as datas possíveis para o calote, o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) especula entre o dia 22 e o final do outubro

       

              
                                
Congresso dos Estados Unidos
Congresso dos Estados Unidos: se acontecer, não será a primeira vez que os EUA entrarão em "default" em sua história
O governo de Barack Obama terá poucas e complexas opções se o Congresso chegar a 17 de outubro sem um acordo que permita elevar o limite legal de endividamento público nacional para evitar um "default".
Na quinta-feira, o Tesouro já não estará autorizado a emitir dívida e terá apenas US$ 30 bilhões disponíveis para eventuais pagamentos, de acordo com o secretário da pasta, Jack Lew. Se acontecer, não será a primeira vez que os EUA entrarão em "default" em sua história, e que o governo deixará de pagar, por exemplo, aposentadorias, juros da dívida, ou salários dos militares.
"É impossível prever com precisão" uma data exata, insistiu Lew. Segundo ele, depende de gastos variáveis e da receita gerada pelos impostos do dia a dia.
Sobre as datas possíveis para o calote, o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês) especula entre o dia 22 e o final do outubro.
Já o grupo de análise Bipartisan Policy Center, que acompanha de perto as contas do país, considerou que o dia crucial, batizado de "Dia X", será entre 18 de outubro e 5 de novembro.
Os primeiros pagamentos depois do dia 17 correspondem a "prestações sociais": US$ 12 bilhões em pensões dos aposentados, em 23 de outubro; US$ 18 bilhões em pagamentos para o sistema de seguro de saúde dos idosos (Medicare), em 1o de novembro; US$ 12 bilhões em salários e pensões de militares nesse mesmo dia - acrescentou o centro de análise.
Em relação à dívida externa, estão previstas duas importantes parcelas de refinanciamento da dívida federal em 24 e 31 de outubro, de US$ 57 bilhões e US$ 115 bilhões, respectivamente.
Embora a operação não represente um novo gasto para o Departamento do Tesouro - já que se trata de pagar os credores com bônus -, há alguns riscos.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Manifestantes incendeiam ônibus e atacam consulado americano


Manifestantes black blocs, que mais cedo participaram de um protesto em apoio à educação no Rio, incendiaram um ônibus na Avenida Rio Branco, depredaram mais dois, e jogaram dois coqueteis-molotov no consulado americano. Pontos de ônibus foram quebrados e o prédio do Consulado de Angola também foi depredado. Os policiais militares do Batalhão de Choque dispersam os manifestantes com bombas de gás e de efeito moral

Manifestantes picham prédio da Câmara Municipal do Rio
Estudantes da USP protestam em solidariedade a professores do Rio

7h46
Simpatizantes da presidenta da Argentina passaram a noite em frente à Fundação Favaloro Hospital Universitário, em Buenos Aires. Homens e mulheres estão em vigília, fazendo orações e com cartazes de apoio a Cristina, que será submetida a uma cirurgia no cérebro

Presidenta será operada nesta terça
20h45
Depois que o governo brasileiro cobrou explicações sobre as denúncias de que comunicações eletrônicas e telefônicas do Ministério de Minas e Energia e de um funcionário do Itamaraty foram espionadas pelo órgão de inteligência do Canadá, a representação diplomática do país divulgou comunicado destacando a importância das relações bilaterais

Dilma manda reforçar segurança
MME: espionagem não afetará leilões
6h29
A Embratur promove no próximo dia 10, em Los Angeles, nos Estados Unidos, a segunda edição deste ano do projeto Goal to Brasil – Encontros Brasileiros, destinado a divulgar o país como destino turístico durante a Copa do Mundo de 2014
19h57
Bancários de todo o país rejeitaram a nova proposta apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que elevou o reajuste de 6,1% para 7,1%. O Comando Nacional dos Bancários considerou o aumento uma “melhoria irrisória”
18h12
A operação investigou uma quadrilha suspeita de pagar propina a prefeitos para captar investimentos de fundos de pensão municipais. Na decisão, o juiz entendeu que os acusados não podem aguardar o julgamento na prisão, porque o processo da foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) em função da presença de parlamentares na investigação
18h45
A agência reguladora do setor foi condenada a pagar multa de R$ 300 mil por danos morais coletivos. O juiz João Felipe Ferreira Mourão, do Tribunal de Justiça, ressalta que o valor foi aplicado devido à responsabilidade civil do órgão. A agência informou que recorreu da sentença
16h25
A balança comercial registrou superávit (exportações maiores que importações) de US$ 1,85 bilhão na primeira semana de outubro. O saldo positivo resultou de US$ 6 bilhões em exportações e US$ 4,21 bilhões em importações nos quatro dias úteis do mês. No acumulado do ano, o resultado positivo ficou em US$ 246 milhões. Até o fim de setembro, o saldo acumulado estava negativo em US$ 1,6 bilhão

Mercado estima PIB maior
Analistas preveem elevação da Selic
7h32
Poderão ser consultados também os lotes residuais referentes aos exercícios de 2012 a 2008, correspondentes aos anos-calendário de 2011 a 2007, respectivamente, liberados da malha fina. O dinheiro estará disponível no banco no próximo dia 15
5h49
O Comitê de Política Monetária do BC inicia hoje a penúltima reunião do ano para discutir se mantém o processo de ajuste da política monetária, iniciado em abril, quando a taxa Selic estava em 7,25% ao ano – o nível mais baixo desde que o colegiado foi criado, em junho de 1996
22h04
Fizeram o exame de desempenho 469.478 estudantes concluintes dos cursos de graduação em administração, ciências contábeis, ciências econômicas, design, comunicação social, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo e cursos superiores de tecnologia

Jornalismo têm maior porcentagem
17h59
No período de janeiro a junho, o Ligue 180 recebeu 263 denúncias. “O aumento é assus- tador, mais de 1.500%. Em [igual período de] 2012, foram apenas 17 denúncias”, disse a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Para ela, o aumento das denúncias está relacionado ao impacto das campanhas
17h37
O aumento da contratação de pessoas com ensino médio completo e nível superior e a queda da diferença salarial entre essas ocupações e as dos que recebem menores salários mostram que não há escassez de mão de obra qualificada, segundo o Ipea. Para o presidente do insituto, Marcelo Neri, o verdadeiro “apagão no mercado de trabalho” está nas ocupações pouco qualificadas
15h55
A avaliação dos profis- sionais selecionados para traba- lhar no Brasil por meio do Programa Mais Médicos começou a ser feita em Brasília, Vitória, Belo Horizonte e Fortaleza. No total, são 2.180 profissionais, que terão três semanas de aulas de português e de saúde pública

Votação de MP é prioridade, diz líder
13h17
Balanço do MEC indica que quase 70% dos cursos de ensino superior avaliados no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) tiveram notas superiores a 3, em uma escala que vai até 5. O resultado indica um avanço em relação a 2009, quando menos da metade dos cursos obteve nota 3, 4 ou 5

Divulgada lista com notas
MEC agirá com rigor, diz ministro

Enem: 2 milhões consultaram cartão
Exame recebe inscrições de presos

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ministério de Minas e Energia está na mira de espiões americanos e canadenses

Fantástico teve acesso exclusivo a mais um documento vazado por Edward Snowden, o ex-analista de inteligência contratado Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos.

 
Documentos vazados pelo americano Edward Ssnowden, e obtidos pelo Fantástico, mostram que dessa vez o alvo é o Ministério de Minas e Energia. E não são só os Estados Unidos que estão envolvidos. As comunicações de computadores, telefones fixos e celulares do ministério foram mapeadas pela agência de espionagem do Canadá. É o que você vai ver nesta reportagem deSônia Bridi e Glenn Greenwald.
Esplanada dos Ministérios. O centro do poder no Brasil. Um dos prédios é do Ministério de Minas e Energia. No andar térreo, uma sala especial. Os poucos autorizados a entrar se identificam com a digital - para que a porta se abra. Por dentro, um barulhão do ar condicionado potente em espaço pequeno, para preservar as máquinas.
Por elas, passa toda a comunicação do Ministério - telefones, email, internet. E são armazenados arquivos com todas as informações sobre a energia e os recursos minerais do país. A sala, chamada de cofre, tem paredes de aço, e é à prova de desastres.
Não é só proteção física. É a rede mais protegida da Esplanada dos Ministérios. Tem o mesmo sistema de segurança usado pelos bancos, por exemplo. Foi mapeada pelos espiões com um nível de detalhe surpreendente.
O Ministério de Minas e Energia está na mira dos espiões americanos e também canadenses.
O Fantástico teve acesso exclusivo a mais um documento vazado por Edward Snowden, o ex-analista de inteligência contratado da NSA, a Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Hoje ele está asilado na Rússia.
Esse documento só foi localizado na semana passada. Estava com milhares de outros, entregues em junho, em Hong Kong, por Snowden ao jornalista americano Glenn Greenwald, coautor desta reportagem.
“A quantidade de documentos são bem altos. Tem milhares dos documentos. Os documentos são muito complexos, demora tempo para ler esses documentos, entender, para conectar todos os documentos”, Glenn Greenwald.
Nos últimas dez dias, nós analisamos e checamos o documento, com a ajuda de especialistas em segurança da informação.
O material mostrado na reportagem é a apresentação de como funciona uma ferramenta de espionagem da Agência Canadense de Segurança em comunicação, a CSEC. O alvo é o Ministério de Minas e Energia do Brasil. A apresentação foi em junho de 2012 numa reunião anual de analistas ligados a agências de espionagem de cinco países.
O grupo é chamado de Five Eyes-  cinco olhos - Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.  Edward Snowden estava nessa conferência.
“Eles estão dividindo todos os documentos, dando todos os documentos para avisar outros países tudo que eles estão fazendo”, afirma Glenn Greenwald.
Um programa de computador chamado Olympia dá o passo a passo de como foram mapeadas as comunicações telefônicas e de computador do Ministério, incluindo emails. O título de um slide revela a intenção da agência canadense: descobrir os contatos do meu alvo - que é o Ministério de Minas e Energia.
O resultado desse monitoramento é um mapa detalhado das comunicações do Ministério durante um período não especificado pelo documento.
Ligações telefônicas feitas do Ministério para outros países foram usadas como exemplo. No Equador, os números chamados com mais frequência são da Olade, a Organização Latino-Americana de Energia. No Peru, o número chamado é o da embaixada do Brasil.
Via internet, a agência canadense acessou a comunicação entre os computadores do Ministério e computadores de países do Oriente Médio, da África do Sul e até o próprio Canadá.
“Eu fiquei assombrado com o potencial, o poderio das ferramentas utilizadas. O Ministério de Minas e Energia foi totalmente dissecado”, afirma Paulo Pagliusi, especialista em segurança da informação.
“O Ministério das Minas e Energia foi totalmente dissecado"
Paulo Pagliusi, especialista em segurança da informação.
A ferramenta identificou números de celulares, registro dos chips e até marcas e modelos dos aparelhos. Descobrimos que um deles é usado pelo departamento internacional do Ministério.
Também por telefone, localizamos o outro usuário: o ex-embaixador do Brasil no Canadá, hoje no departamento de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Paulo Cordeiro. Procurado pelo Fantástico, ele não quis dar entrevista.
Na sexta-feira, em Brasília, o ministro Edison Lobão comentou o conteúdo da reportagem.
“Eu acho que configura um fato grave que merece repúdio. Aliás, a presidenta Dilma já o fez amplamente na ONU”, afirma Edison Lobão, ministro das Minas e Energia.
“As tecnologias de telecomunicação e informação não podem ser o novo campo de batalha entre os estados”, discurso a presidente Dilma Rousseff em 24 de setembro, 2013.
A própria presidente Dilma e a Petrobras, empresa ligada ao Ministério, também foram alvo da espionagem americana, como o Fantástico mostrou com exclusividade.
E ambos podem ter sido espionados indiretamente com o acesso aos servidores do Ministério.
Os servidores são o cérebro de uma rede de computadores.
Alguns desses servidores são as chamadas redes privadas criptografadas. Significa que estão protegidas por uma série de códigos. Um dos servidores, por exemplo, é usado pelo Ministro para falar com a Agência Nacional de Petróleo, a Petrobras, a Eletrobras e até com a presidente da República. São conversas de Estado, com estratégias de governo. Que ninguém deveria poder escutar.
“Não apenas com a autoridade superior do país, mas nós temos conversado com outras autoridades pelo sistema de videoconferência. Isso nós fazemos até por mobilidade do sistema. Lamento que tudo esteja sendo exposto a este tipo de espionagem”, afirma o ministro Edison Lobão.
De cada quatro grandes empresas de mineração do mundo, três têm sede no Canadá.
“O Canadá tem interesse no Brasil, sobretudo nesse setor mineral.  Se daí vai o interesse em espionagem pra servir empresarialmente a determinados grupos, eu não posso dizer”, diz o ministro Edison Lobão.
As principais informações sobre reservas minerais brasileiras são públicas, não é preciso espionar para ter acesso. Mas a estrutura do Ministério guarda informações estratégicas. Além da Petrobras, estão ligadas ao Ministério de Minas e Energia a Eletrobras, a empresa de pesquisa energética, Agência Nacional de Petróleo, que faz os leilões de campos de exploração do pré-sal e a Agência Nacional de Energia Elétrica, que regula os leilões de construção de usinas.
“E as informações podem servir a empresas que concorram nesses leilões. Eu acho isso gravíssimo. Ela sabe o que vai acontecer antecipadamente. Isso é um jogo de bilhões de dólares, coisa pouca, não”, afirma o ex-presidente da Eletrobras Luiz Pinguelli Rosa.
“É muito claro que o objetivo é econômico. Como o Snowden me disse na entrevista que eu fiz com ele três meses atrás em Hong Kong”, completa Glenn Greenwald.
Não há, nos documentos, nenhuma indicação de que o conteúdo das comunicações tenha sido acessado, só quem falou com quem, quando, onde e como. Mas quem assina a apresentação secreta termina dizendo o que deve ser feito daqui pra frente: entre as ações sugeridas, uma operação conjunta com um setor da NSA americana, o Tao, que é a Tropa de Elite dos espiões cibernéticos.
Objetivo: realizar uma invasão conhecida como ‘Man on the side’ - o homem ao lado. Com ela, toda a comunicação que entra e sai da rede pode ser copiada. É como trabalhar no computador com alguém ao lado, bisbilhotando. Daí o nome da invasão.
Edison Lobão: Nós estamos diante, evidentemente, de um sistema de espionagem internacional.
Fantástico: Que tipo de prejuízo o Brasil pode ter com isso, além do próprio prejuízo de quebra da soberania e dos direitos individuais?
Edison Lobão: Isso não foi avaliado ainda. Isso é uma questão que, ao longo do tempo, virá à tona.
Procurada pelo Fantástico, a embaixada do Canadá em Brasília disse que não comenta assuntos de inteligência e segurança.
Em nota, a Agência Nacional de Segurança dos EUA afirma que não vai comentar  publicamente supostas atividades de inteligência e que o tipo de informação que os Estados Unidos coletam no exterior é o mesmo obtido por todos os países.
A nota diz também que os Estados Unidos estão revisando os meios de obter inteligência, pra equilibrar privacidade e segurança dos cidadãos americanos e aliados.
Já a agência canadenses CSEC disse que não comenta as atividades de inteligência no exterior.
Outros documentos da espionagem
Esta imagem abaixo é a primeira página da apresentação feita em junho de 2012 por um analista da agência CSEC - em tradução literal, Estabelecimento de Segurança das Comunicações do Canadá.
Em seu site, a agência explica sua finalidade: “o CSEC recolhe sinais de comunicações estrangeiras originados e encerrados no exterior.”
Como o programa apresentado se chama Olympia, o PowerPoint se inicia com uma epígrafe (tradução livre): “e eles disseram aos titãs: cuidado, os Olímpicos chegaram”. É uma alusão à batalha entre os Titãs e os deuses gregos, narrada por Hesíodo em “Teogonia”.
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Neste slide abaixo, a introdução ao tema da apresentação: o programa Olympia e um estudo de caso. A  Ferramenta de Conhecimento de Rede do CSEC, Várias Fontes de Informação, Enriquecimentos Encadeados, Análise Automatizada. Ministério das Minas e Energia (MME). Um novo alvo a ser desenvolvido. Acesso limitado. Conhecimento de alvo.
imagem2 (Foto: reproducao)

As perguntas que a apresentação procura responder:
“Como posso usar a informação disponível em fontes de dados de inteligência de sinais para aprender sobre o alvo?”
“O que posso encontrar que me ajude a informar os esforços de desenvolvimento de acesso?”
“Posso automatizar o processo analítico e/ou reutilizar análises criadas para outros fins?”
A sigla SIGINT é, literalmente, Inteligência de Sinais, um modo de designar interceptação de informações.
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Aqui, diagramas mostram como se identificam os “celulares do alvo”. No pé do slide, aparecem dois números de Brasília e a numeração dos respectivos chips.
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Neste slide, o fluxo que apresenta o processo que determina “os IPs com os quais meu alvo se comunica”.
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O slide seguinte contém uma tabela que mostra o resultado da busca dos IPs. São provedores de países como Tailândia, Jordânia, Irã, Arábia Saudita e Canadá.
imagem6 (Foto: reproducaotv)

Na conclusão, o responsável pela apresentação afirma: “Identifiquei os servidores de correio que foram alvo de coleta passiva pelos analistas de Inteligência, que estão avaliando o valor, a origem etc do tráfego gerado pelos servidores de correio”.
As demais linhas informam que à época (junho de 2012) a agência trabalhava para avaliar uma possível operação de observação passiva (Man on the Side operation), o que dá a entender se tratar de uma vigilância sem interferência, e para aprofundar as análises sobre o Ministério, com base na informação de rede obtida.
imagem7 (Foto: reproducao)