quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Pré-candidatos republicanos ironizam Trump durante debate

O milionário Donald Trump elevou as apostas, ao boicotar o debate desta quinta-feira entre os pré-candidatos do Partido Republicano à presidência , mas seus rivais se encarregaram de torná-lo bastante presente, com piadas e sarcasmo.
Participaram do debate os senadores Ted Cruz (Texas), Marco Rubio (Flórida) e Rand Paul (Kentucky); o cirurgião aposentado Ben Carson; os governadores Chris Christie (Nova Jersey) e John Kasich (Ohio); e o ex-governador Jeb Bush (Flórida).
"Sou maníaco e todo mundo nesta tribuna é burro, gordo e feio. E Ben, você é um cirurgião horrível", disse o senador Ted Cruz, com olhar irônico para o cirurgião aposentado Ben Carson, imitando o magnata que lidera as pesquisas de opinião.
"Nos livramos da parte Donald Trump", declarou, fazendo rir vários dos presentes no Des Moines Hall, onde sete dos principais pré-candidatos do partido se reuniram para o debate final antes das primárias em Iowa, em 1º de fevereiro, primeira etapa no processo de indicação à presidência.
Depois, Cruz agradeceu aos oponentes que compareceram ao debate "por mostrarem respeito pelos homens e mulheres de Iowa".
Nos debates anteriores e ao longo da (pré-)campanha, Trump foi o rei dos ataques pessoais contra os adversários, incluindo Cruz e, sobretudo, o ex-governador da Flórida Jeb Bush.
"Eu meio que sinto falta do DT. Ele era um ursinho de pelúcia para mim. Sempre tivemos uma relação amorosa nesses debates, no intervalo e nos tuítes", brincou Bush hoje.
"Queria que estivesse aqui", acrescentou, irônico.
Trump se negou a participar do debate, por causa de uma controvérsia que se arrasta há meses com a Fox News, a emissora de televisão favorita dos conservadores.
O empresário acusa a rede de parcialidade, alegando que a apresentadora Megyn Kelly não é justa em suas perguntas.
Foi a própria Megyn, inclusive, que ressaltou a ausência de Trump, ao pedir aos pré-candidatos que "falassem do elefante que não está na sala".
Imigração e Política Externa
Último antes do "caucus" de Iowa, o debate transcorreu de forma tranquila, mas não sem confrontos entre os senadores de origem cubana Ted Cruz e Marco Rubio. Este se encontra em um distante terceiro lugar nas pesquisas em nível nacional.
Os dois trocaram acusações no tema migratório, especialmente sobre as posições de cada um diante do futuro dos cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal nos EUA - latinos, em sua maioria.
Cruz acusou Rubio de ter apoiado um projeto de regularização em massa no Senado americano, em 2013.
"Quando se travou a batalha, meu amigo, o senador Rubio, escolheu o lado de Barack Obama", atacou Cruz.
"A verdade é, Ted, que, durante essa campanha, você disse, ou fez, qualquer coisa para ganhar votos", rebateu Rubio, lembrando o rival de que trabalhou no plano de imigração do presidente George W. Bush.
Durante duas horas, os candidatos discutiram sobre Segurança Nacional, Islã radical, ou sobre as estratégias para combater o grupo Estado Islâmico.
Cada um se apresentou, sem surpresa, como a melhor alternativa para comandar as Forças Armadas americanas.
A favorita entre os concorrentes democratas, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, foi um dos alvos preferidos dos ataques.
"Deixem-me lhes dizer quem não está qualificada para ser presidente dos Estados Unidos: Hillary Rodham Clinton", apontou o governador de Nova Jersey, Chris Christie.
Os republicanos também se concentraram na ameaça "jihadista".
"Acredito que, apenas com uma América forte, derrotaremos o grupo radical chamado Isis (acrônimo do Estado Islâmico em inglês)", defendeu o senador Rubio.
"Se capturarmos alguns desses assassinos do Isis vivos, eles vão para Guantánamo, Cuba", prometeu.
O senador Cruz se defendeu, ao ser questionado sobre seu polêmico apelo por bombardeios contra o EI, embora não tenha votado no pedido de autorização de Defesa do presidente Barack Obama por três anos seguidos.
"Você alega que é difícil discutir bombardeio. Não é difícil, é uma estratégia militar básica, diferente do que vimos com Barack Obama", justificou.
Em Iowa, segundo a média das últimas pesquisas feita pelo site RealClearPolitics, Cruz já tem uma diferença de cerca de 5% em relação a Trump.
Contando com o apoio de lideranças evangélicas-chave e de figuras antiaborto que abraçam seus valores conservadores e religiosos, o senador Ted Cruz insiste em que é possível vencer a corrida.
Sua equipe de campanha garante que ele conta com uma monumental força de mobilização de cerca de 12.000 voluntários e funcionários em todo o estado.
Em nível nacional, Donald Trump continua subindo. Na enquete recente da CNN/ORC feita com eleitores republicanos, Trump registra 41%, contra 19% de Cruz. Mais de dois terços dos republicanos acreditam em que o bilionário será o candidato do partido na disputa pela Casa Branca.
Enquanto todas as atenções se voltam para Iowa, os 12 pré-candidatos republicanos e três democratas já aquecem os motores para New Hampshire, Carolina do Sul e Nevada.
O show de Trump
Em um evento de arrecadação de doações para veteranos de guerra transmitido pela rede CNN, a apenas alguns quilômetros do estúdio, Trump zombou da Fox e de seus adversários, declarando que o debate seria "um desastre total", com baixos níveis de audiência.
Cerca de 15 minutos após o início do debate, Donald Trump alfinetou os rivais.
"Eu disse que não iria ao debate em respeito por mim mesmo", afirmou, ao cumprimentar o público de cerca de 700 pessoas no campus da Universidade Drake.
"Mas amo Iowa. Estou aqui", frisou.
"Quando você é maltratado, você tem de defender seus direitos", disse ele às dezenas de ex-combatentes na plateia, referindo-se ao incidente com Megyn Kelly.
Também afirmou que pelo número de câmeras de televisão em seu evento, parecia que estava nos "prêmios da Academia".
"Preciso recuar e dizer que a Fox foi extremamente gentil comigo nas últimas horas. Eles realmente queriam que eu estivesse lá. Eles me ligaram alguns minutos atrás. 'Você pode vir?' Aí eu disse: 'mas já não começou?'", divertiu-se Trump.
"A Fox foi muito gentil. Eles se desculparam e tudo, mas, como eu tinha começado a organizar essa noite para vocês, veteranos, não podia mais voltar atrás", justificou.
Brevemente interrompido por alguns opositores que deixaram o local, o magnata fez questão de ressaltar que ele próprio doou US$ 1 milhão para os veteranos americanos.
Sem decolarem nas pesquisas, o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee e o ex-senador Rick Santorum (Pensilvânia) acompanharam Trump no evento.


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