terça-feira, 29 de abril de 2008

Papel do álcool na alta de alimentos é pequeno, diz Bush

29/04/2008 - 18h27

BRUNO GARCEZ
da BBC, em Washington

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que o papel exercido pelo álcool na inflação mundial de alimentos é pequeno.

Bush disse achar que o biocombustível respondia por 15% do problema e que em sua avaliação 85% da atual crise alimentar vem sendo gerado por fatores climáticos, pelo aumento da demanda por alimentos e pela subida dos preços de energia.

Os comentários do líder dos Estados Unidos foram feito durante uma entrevista coletiva nos jardins da Casa Branca. Entre outros temas, Bush falou sobre a atual crise econômica americana.

"A verdade é que é do nosso interesse que nossos fazendeiros cultivem energia, em vez de adquirir energia a partir de outras partes do mundo que são instáveis ou que podem não gostar de nós", afirmou Bush.

O líder americano acrescentou que a alta do petróleo irá gerar mais investimento em álcool e que os Estados Unidos estão depositando recursos na pesquisa com álcool celulósico --a modalidade do biocombustível feita a partir de produtos não-comestíveis, como sabugos de milho, lascas de madeira e grama.

Petróleo

Bush afirmou ser preciso conciliar programas de biocombustíveis com ações capazes de contribuir para a auto-suficiência energética americana.

"Se nós estamos genuinamente interessados em levar adiante uma política energética que envie um sinal ao mundo que nós queremos reduzir nossa dependência em petróleo estrangeiro, temos que explorar a prospecção doméstica, assim como investir em programas de combustíveis alternativos", afirmou.

Para o líder americano, o caminho para a auto-suficiência passa pelo Congresso do país.

"Se o Congresso estiver genuinamente interessado, poderemos investir na exploração de gás e de petróleo em nosso território, a começar por Anwar", disse, referindo-se à região que é considerada um santuário ecológico, mas que abrigaria uma vasta jazida de petróleo no Estado do Alaska.

Esforços para permitir a prospecção na região vêm sendo bloqueados por emendas e vetos no Congresso desde o ano passado.

Tratado com Colômbia

O líder americano voltou a dar uma alfinetada no Congresso, ao se referir ao tratado de livre comércio com a Colômbia, que foi bloqueado pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi. "O acordo de livre comércio com a Colômbia beneficiaria nossa economia, porque traria mais exportações."

Atualmente, disse Bush, "muitos produtos (colombianos) entram em nosso país livres de impostos, enquanto que os nossos produtos são taxados quando entram na Colômbia". "O Congresso deveria ao menos ter insistido que outro país seja tratado da mesma maneira que nós o tratamos", afirmou o presidente americano.

Folha Online

terça-feira, 1 de abril de 2008

Emergente mantém padrão de vida dos EUA

Brasília, 28/03/2008

Dinheiro de países de renda média investido nos EUA poderia reduzir pobreza se ficasse com nações em desenvolvimento, diz estudo

Créditos: PMA/ Theresa Rintala
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina

Direcionar os investimentos de países de renda média para países pobres ou aplicá-los nacionalmente ao invés de destiná-los aos Estados Unidos, principal recebedor de recursos internacionais, traria impacto positivo na redução da pobreza. Isso porque o capital aplicado possibilitaria que mais bens e serviços estivessem disponíveis nos países pobres, o que melhoraria o padrão de vida das populações.

A avaliação é de um estudo sobre fluxo de capital estrangeiro feito pelo Centro Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD resultado de uma parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). Intitulado "As Iniqüidades Flagrantes dos Desequilíbrios Globais", o texto foi publicado pela primeira vez em janeiro de 2007 e desde março está disponível em português.

A tendência registrada pelo estudo é que países ricos ou de renda média — como Japão, Alemanha, China, Arábia Saudita e Rússia — têm feito investimentos em outras nações ricas, gerando uma desigualdade no fluxo de capital. O principal destino dos investimentos são os Estados Unidos que, apesar de apresentar uma economia avaliada como frágil, possui grande demanda por bens e serviços. “Uma clara ilustração dessa desigualdade é a média dos déficits americanos nos últimos anos, que tem sido três vezes superior ao total do Produto Interno Bruto da África Subsaariana”, afirma o texto.

"Atualmente, a população dos EUA desfruta de um nível de vida seis vezes superior a sua renda, graças ao gigantesco e contínuo fluxo de capitais originários de outros países. Em termos globais, os EUA estão se tornando um país ‘altamente devedor". Esse déficit externo obriga um setor da economia gastar mais para equilibrar a balança norte-americana, no caso o setor pessoal, motivado pela valorização imobiliária, altas na bolsa de valores e baixos juros, de acordo com o texto.

Para o economista Terry McKinley e para o professor Alex Izurieta, autores do trabalho, os Estados Unidos possuem uma estrutura de bens e serviços que seriam mais importantes para o desenvolvimento se estivessem disponíveis em países pobres. "Baseadas efetivamente nos empréstimos de outros países, as famílias americanas têm monopolizado bens e serviços que teriam impactos mais importantes no bem estar humano global caso fossem consumidos em países mais pobres", afirma o texto.

Para atrair investimentos para países em desenvolvimento é necessário adotar medidas para incentivar a demanda de bens e serviços em outros países que não os Estados Unidos. "Favorecer de forma substancial à demanda, em particular o investimento interno, em países em via de desenvolvimento, seria uma prioridade para atingir uma solução eqüitativa", de acordo com o estudo.



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Fonte: PNUD