Governo americano deve comprar até US$ 700 bi em dívidas de má qualidade
Washington, 20 set (EFE) - O Governo dos Estados Unidos já enviou ao Congresso a minuta final de sua proposta para que o Tesouro possa comprar até US$ 700 bilhões de ativos hipotecários em mãos dos bancos, naquela que pode vir a ser a maior intervenção da história nos mercados financeiros.
O texto, divulgado hoje pela edição eletrônica do jornal "The New York Times", prevê ainda o aumento do endividamento do país para US$ 11,3 trilhões.
Nas últimas horas, o Governo intensificou a negociação com os líderes do Congresso, de maioria democrata, para lançar um plano de resgate que permita repassar aos cofres públicos as dívidas hipotecárias milionárias que os bancos nos EUA possuem.
A Administração de Bush precisa que o Congresso tramite por via legislativa esta autorização, que deixará as mãos livres ao Tesouro para adquirir os ativos hipotecários afetados dos bancos americanos, não dos estrangeiros.
A proposta do Governo pode causar fortes críticas nos bancos internacional, que, nos últimos anos, recorreu a Wall Street em massa para adquirir títulos hipotecários, o que contribuiu para criar o "boom" do setor imobiliário americano.
Segundo a proposta -que se destaca por sua simplicidade, apenas três páginas -, o Tesouro terá plena capacidade para comprar ativos, revendendo-os no mercado, emitir dívida para financiar as operações e contratar os gerentes que considerarem oportunos, sem mais obrigação além de dar explicações periódicas ao Congresso.
A imprensa especializada destacou hoje o significado da proposta, não só porque supõe uma ação fortemente intervencionista em um Governo até agora defensor do livre mercado, mas também pelo volumoso custo que terá para os contribuintes.
De fato, os US$ 700 bilhões que o Tesouro desembolsará se igualam ao custo direto da guerra do Iraque, e ao orçamento anual do Pentágono, cita o "The New York Times".
"É um grande preço para um grande problema. O risco de não fazer nada é muito maior que o risco do pacote", justificou esta manhã o presidente americano, George W. Bush.
As negociações sobre esta minuta podem ser complicadas, embora a plena disposição da maioria democrata em apoiar o resgate possa fazer com que terminem em breve, possivelmente antes de segunda-feira, de modo que o Congresso possa votá-la na próxima semana.
No entanto, a minuta pode ser alterada, já que os congressistas democratas desejariam incluir algumas disposições que levem em conta a necessidade de ajuda aos centenas de milhares de proprietários que são favoráveis às execuções de suas casas.
O Governo americano descartou a criação de uma nova agência governamental que fique encarregada da compra dos ativos prejudicados dos bancos, uma medida que já foi adotada nos anos 1980, com a crise das caixas econômicas, mas que agora demoraria a intervenção.
Pelo contrário, o Tesouro optará pela contratação de profissionais externos do setor da gestão de ativos para desenvolver esta iniciativa.
Bush reconheceu hoje que receberá duras críticas pela medida intervencionista do Governo, que se destacou nos dois mandatos por sua defesa do livre mercado.
Mas, hoje, Bush explicou: "Mudei de opinião quando os especialistas me informaram da gravidade significativa deste problema. Agimos para evitar o caos total".
"Tomei a decisão com os especialistas e, a longo prazo, estaremos bem", afirmou.
A medida, no entanto, gerou críticas, algumas delas procedentes inclusive das próprias fileiras republicanas.
"O livre mercado morreu nos EUA", disse em um duro comunicado o senador republicano Jim Bunning, que assegurou que as medidas de intervenção esboçadas pelo Tesouro significam "eliminar o livre mercado e instituir o socialismo" nesse país.
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