Porta-bandeira dos EUA dá o tom político da abertura das Olimpíadas
Ex-refugiado
Lopez Lomong desfila com a bandeira dos EUA. Foto Reuters
O Globo Online
RIO - A China tentou evitar que assuntos políticos fizessem parte da cerimônia de abertura das Olimpíadas. Mas foi impossível ignorar o significado político do atleta escolhido pelos Estados Unidos para ser o porta-bandeira da delegação americana. O atleta Lopez Lomong, refugiado sudanês, é o símbolo de uma questão incômoda para os chineses. A China é alvo de protestos pelo mundo, acusada de dar suporte e vender armas ao Sudão, governado por uma ditadura sangrenta. Lomong não é um competidor de ponta - tem só a terceira marca dos 1.500m na equipe dos EUA - e não foi escolhido porta-bandeira por acaso.
Nesta sexta-feira, dia da abertura dos Jogos, Lomong já tinha criticado o governo chinês por apoiar o Sudão e por cancelar o visto do ativista americano pró-Darfur Joey Cheek, um dos fundadores do Team Darfur (grupo internacional de atletas comprometidos com a causa da província sudanesa, ao qual Lomong é ligado).
- Eu vivi isto. Sou membro do Team Darfur. Vivi esta situação. Os Jogos Olímpicos supostamente devem ser algo para unir os povos. Algo pacífico - protestou.
Bush critica novamente o governo da China
O atleta, que tem 23 anos, nasceu no Sudão e fugiu do país africano quando tinha apenas seis anos, forçado a se separar da família. Ele conseguiu a cidadania americana há 13 meses. lembrou que é
O conteúdo político e o desconforto entre EUA e China estiveram presentes também em comentários do presidente americano, George W.Bush. Nesta sexta, antes da cerimônia, ele voltou a defender a liberdade de expressão e de culto na China, dizendo que estes são caminhos para a prosperidade e a paz.
O pequeno Lin hao, sobrevivente do terremoto, na festa de abertura das Olimpíadas. Foto Reuters
Na cerimônia de abertura propriamente dita - à qual Bush, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros 102 chefes de Estado estiveram presentes - houve cuidado para questões políticas, mesmo as do passado, não aparecerem. O salto da China Imperial para a China maravilhosa de hoje, como os próprios chineses denominam, se deu com um hiato de 150 anos. Na linda festa de mais de quatro horas, em que a história milenar do país foi apresentada, os organizadores omitiram, por exemplo, o que os chineses chamam de "período da vergonha" (a viagem pelo passado escondeu a China Imperial invadida por forças estrangeiras, a perda de Hong Kong, a invasão japonesa dos Anos 30, a Revolução Cultural de 1966 e outros episódios).
Mas quando o assunto é bom para a imagem do país, a organização fatura. O menino sobrevivente de um terremoto, alçado a herói nacional na China que vende ao mundo a imagem da superação, desfilou ao lado do gigante do basquete Yao Ming, porta-bandeira da delegação chinesa.
Nas arquibancadas do Ninho do Pássaro, o Estádio Olímpico, palco da abertura dos Jogos, nada de manifestações. Apesar do estresse diplomático entre americanos e chineses - rivais também na disputa pela soberania do quadro de medalhas - a delegação dos EUA foi aplaudida. A da França, país cujos produtos foram alvo de boicote na China devido a críticas do governo ao regime chinês, foi recenida sem vaias. Apenas com frieza e nada de aplausos.
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