sexta-feira, 18 de março de 2011

Khadafi desafia ultimato internacional

Forças leais ao coronel avançam para Bengasi


18.03.2011 - 19:07 Por Dulce Furtado, Isabel Gorjão Santos
Barack Obama exigiu um cessar-fogo imediato, vários países fizeram um ultimato a Khadafi para pôr fim à violência. Mas na Líbia as forças do coronel avançam para Bengasi, o grande bastião dos rebeldes.
Resolução do Conselho de Segurança foi celebrada pelos rebeldes Resolução do Conselho de Segurança foi celebrada pelos rebeldes (Suhaib Salem/Reuters)

As forças de Khadafi chegaram nesta sexta-feira a cerca de 50 quilómetros de Bengasi, noticiou a estação de televisão Al-Jazira, no dia em que Paris, Londres, Washington e os países árabes emitiram um comunicado com um ultimato ao coronel e exigiram o “fim imediato” de “todos os ataques” contra a população.

Num comunicado divulgado pela presidência francesa, é pedida a retirada das tropas leais a Khadafi das cidades de Ajdabiya, Misurata e Zauia, o que “não é negociável”. O recurso à intervenção militar estará para breve. Neste sábado haverá um encontro em Paris entre representantes da União Europeia, Liga Árabe, União Africana, ONU e Estados Unidos, em Paris.

A pressão internacional intensificou-se após a aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, por 10 votos a favor e cinco abstenções, na noite de quinta-feira, de uma resolução que prevê a aplicação de “todas as medidas necessárias” para travar a violência na Líbia entre as forças de Khadafi e os opositores que pedem o fim do regime. A expressão “medidas necessárias” poderá incluir uma acção militar, e também a criação de uma zona de exclusão aérea.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, exigiu um cessar-fogo imediato na Líbia e pediu a Muammar Khadafi para obedecer ao pedido das Nações Unidas para pôr fim à violência, caso contrário poderá haver uma acção militar. “Todos os ataques contra civis devem parar”, disse Obama na Casa Branca, nas suas primeiras declarações sobre a situação na Líbia após a aprovação da resolução do Conselho de Segurança.

“O nosso objectivo está definido, a nossa causa é justa e a nossa coligação é forte”, adiantou Obama. “Um cessar-fogo deve ser aplicado de imediato, Khadafi deve retirar-se das cidades tomadas pelos rebeldes e a água e electricidade devem ser restabelecidas. Isto não é negociável”. Mas apesar de o regime de Khadafi ter anunciado um cessar-fogo, as suas forças continuaram a atacar os rebeldes.

Forças de Khadafi avançam para Bengasi

Poucas horas após a aprovação da resolução pelo Conselho de Segurança, o ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, Moussa Koussa, anunciou um cessar-fogo imediato. Mas a embaixadora norte-americana na ONU, Susan Rice, garantiu em declarações à CNN que as forças de Khadafi estão a violar esse cessar-fogo.

Um comandante dos rebeldes em Bengasi, Khalifa Heftir, disse à AFP que o anúncio do regime não está a ser cumprido, e um porta-voz dos rebeldes denunciou bombardeamentos sistemáticos em Zenten, Misurata e Ajdabiya.

Dezenas de veículos com centenas de jovens estavam a dirigir-se para Bengasi para bloquear as tropas de Khadafi, adiantou a AFP. Poucos pareciam acreditar nas declarações do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Khaled Kaaim, que disse em conferência de imprensa que as forças de Khadafi não pretendem atacar Bengasi e mantêm o cessar-fogo. Kaaim garantiu mesmo que não houve qualquer bombardeamento desde o anúncio do cessar-fogo, mas da Líbia continuaram a chegar relatos de violência.

Em Misurata houve ataques fortes, os mais fortes desde o início da guerra civil, dizem testemunhas. Um médico em Misurata relatou à Reuters, ao final da manhã, que as forças do regime tinham morto pelo menos 25 pessoas incluindo crianças. “Vi uma menina com metade da cabeça rebentada”, descreveu Khaled Abou Selha, chorando incontrolavelmente.

“Estão a bombardear tudo, casas, mesquitas, e até ambulâncias”, disse um combatente rebelde, Gemal, na mesma localidade, também por telefone. “Achamos que querem entrar na cidade a qualquer custo antes que a comunidade internacional comece a levar a cabo a resolução da ONU”, disse, pedindo “acção imediata”. “Têm de agir agora, antes que seja tarde demais.”


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