Nos últimos dois anos, caiu de 75% para 66% o percentual de americanos que apóiam o protagonismo dos EUA na resolução de problemas internacionais.
Em sentido inverso, subiu nove pontos percentuais –de 23% para 32%— o índice de americanos que rejeitam a preponderância do país nas questões mundiais.
Os números foram levantados em pesquisa anual feita pelo Gallup desde 2001, sempre no mês de fevereiro.
No histórico de dez anos da pesquisa, os 32% de rejeição à primazia dos EUA no cenário das encrencas mundiais é o maior índice já levantado.
Divide-se assim: 7% acham que a Casa Branca não deve se meter em questões externas. Para os outros 25%, a participação deve ser secundária.
Entre os 66% que desejam o engajamento internacional dos EUA, apenas 16% acham que o país deve liderar o processo.
Os demais 50% preferem que Washington tenha um papel de relevo, mas não necessariamente o de líder.
A evolução dos dados colecionados de 2009 para cá coincide com o prolongado período de crise econômica que infelicita a sociedade americana.
A ruína interna fez crescer o incômodo com a presença das tropas americanas no Iraque.
A curva desenhada pelas sondagens do Gallup –o apoio à ação externa em queda, a aversão em alta –mostra que, gradativamente, o americano volta-se para o próprio umbigo.
A ascensão da China, agora a segunda potência econômica do planeta, e o derretimento das ditaduras do Norte da África tendem a tonificar os índices.
Em passado remoto, dizia-se que os EUA haviam aprendido uma lição no Vietnã. O Iraque mostrou que Washington aprendera, em verdade, a lição errada.
Imaginara que suas armas não eram as mais apropriadas. Aperfeiçoou-as. Bin Laden e o 11 de Setembro aboliram a necessidade do exame de consciência.
As fronteiras do império continuaram elásticas. Os limites da segurança interna dos EUA foram esticados até o Afeganistão e o Iraque.
O apoio a ditadores como Hosni Mubarak, escorraçado do no Egito, expôs a falácia que se escondia sob o pretexto de que os EUA levavam estabilidade ao mundo.
Antes que Washington abra novas trincheiras –Coreia do Norte, quem sabe? —os cidadãos do ex-Império emitem os primeiros sinais de enfado.
- Siga o blog no twitter.