Para analistas, independência do BC foi maior contribuição de Meirelles
Henrique Meirelles confirmou nesta quarta que deixa o BC no fim do ano.
Desafio para o próximo presidente é lidar com as pressões do governo.
Para a economista-chefe da Rosemberg Associados, Thaís Zara, a melhora na distribuição de renda verifcada no país nos últimos anos, por exemplo, foi possível em virtude da política de controle inflacionário adotada pelo Banco Central, na gestão de Meirelles.
Avaliação semelhante foi feita pelo professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), Fabio Kanczuk, que aponta como principal legado de Meirelles à economia do país a independência da autoridade monetária em relação às pressões do governo.
"De forma geral, ele [Meirelles] foi super bem. Conseguiu administrar pressões políticas para reduzir juros, entrou em contato com presidentes de bancos centrais do exterior, com gente muito especializada. Ele 'ouvia' muito, e isso é sempre muito bom", citou. O professor também indica como mérito do presidente do BC o controle dos juros e da inflação durante a crise financeira mundial.
A independência com a qual comandou a autoridade monestária também é, para a professora de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), Myriam Lund, a principal contribuição de Meirelles. "Ele sai desse mandato vitorioso e reconhecido pela excelência com a qual desempenhou sua função, pela estratégia de sua gestão, toda voltada para controlar a inflação", afirmou.
Próximo presidenteA presidente eleita Dilma Rousseff deverá anunciar ainda nesta quarta (24) os primeiros nomes do ministério do futuro governo. Para a presidência do Banco Central está cotado o nome de Alexandre Tombini, atual diretor de Normas da autoridade monetária.
O mercado reconhece sua competência, porém, segue atento ao fato de Tombini ser funcionário de carreira, o que poderia ser tornar um entrave ao principal legado de Meirelles. "Ao contrário do Meirelles, Tombini é economista, sabe como funciona a política monetária. Mas como ele é funcionário de carreira há muitos anos, não sabemos como ele vai reagir às pressões do governo", disse Kanczuk.
"Ele [Tombini] é extremamente competente. Mas a dúvida é como ele vai se portar na presidência. Hoje, as apreensões são grandes do mercado. Mas pelo que conheço do Tombini, ele não deverá baixar a cabeça", comentou a professora da FGV.
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