Chico: ‘Este governo não fala fino com Washington'
Artistas se reúnem em teatro no Rio para reeditar encontros a favor de Lula em 2002 e 2006
Mais de mil artistas, intelectuais e estudantes se reuniram nesta segunda-feira (18) no teatro Oi Casagrande, na zona sul do Rio de Janeiro, em ato em favor da candidatura à Presidência de Dilma Rousseff (PT) em evento convocado pela internet. Discursaram Emir Sader, Leonardo Boff, Chico Buarque, Marilena Chauí e outros. Eles destacaram a “revolução social” feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defenderam a candidatura de sua sucessora.Chico Buarque falou ao lado do teólogo Leonardo Boff e se disse um entusiasta da campanha petista por considerá-la a favor do diálogo com as diferenças e movimentos sociais, como o MST.
“É um governo que fala de igual para igual: não fala fino com Washington e não fala grosso com a Bolívia e o Paraguai e, por isso mesmo, é respeitado no mundo inteiro”, opinou Chico em um curto discurso.
“O caminho do desenvolvimento econômico, social e cultural é o da Dilma. A alternativa (José Serra) é o obscurantismo, é a intolerância, é a repressão, é o caminho do fascismo”, disse o escritor Emir Sader, um dos organizadores do ato a favor da candidata do PT.
Ao falar sobre o evento, Sader explicou que a idéia era retomar “o caminho do Canecão em 2002 e do Canecão em 2006” quando diversos artistas e intelectuais saíram em defesa da campanha do atual presidente.
Ele pediu desculpas para as pessoas que não conseguiram entrar (cerca de 400 pessoas, segundo seguranças da casa) no teatro, que tem 926 lugares e onde havia muita gente em pé.
Quem mais se aprofundou foi Boff, que discursou por mais de meia hora. Antes de defender os argumentos a favor de Dilma Roussefff, ele brincou com a platéia. Dizendo-se fiel a alguns hábitos de monge, pediu um sinal a Deus. Segundo ele, se o arquiteto Oscar Niemeyer comparecesse ao evento era senha divina de que a candidata de Lula estaria eleita.
“Eles ficaram montados sobre o poder durante 500 anos. O Lula entrou e 21 milhões saíram da pobreza: é toda a torcida do Corinthians. E 32 milhões saíram da classe média: é toda a torcida do Flamengo”, brincou. “Para elevar a metáfora, equivale a uma França. É uma magnitude histórica de grande relevância”.
Boff, que enfatizou ser amigo do presidente há mais de 30 anos, ainda argumentou que estão em confronto duas propostas para o país.
“Se a oposição ganhar, nós vamos ter imensos retrocessos. O que a classe dominante não tolera é que alguém que veio da pobreza chegue à Presidência. Para eles, um peão como o Lula tinha que estar na fábrica”, afirmou.
Para rebater a crítica da oposição de que o atual presidente não fez reformas que prometeu fazer em campanha, o teólogo destacou que Dilma teria a maioria nas duas casas e poderia realizar o que seu padrinho político não conseguiu.
Na saída, artistas relatam emoção
Ziraldo se limitou a dizer que o povo brasileiro não deve “mexer em time que está ganhando”. Mas, de acordo com o cineasta Luiz Barreto, Chico Buarque chegou a chorar durante o ato e não foi o único.
“Eu achei muito bonito. Houve aqui o que não houve nos debates da televisão. Deveriam ter filmado tudo para mostrar na televisão como campanha”, disse Barreto, que, no entanto, afirmou que Dilma ainda não é “A Filha do Brasil”, como foi o presidente Lula em seu filme.
A atriz Marieta Severo, convicta no voto na ex-ministra, também se emocionou. Segundo ela, no ato o público pôde ver Dilma como uma pessoa.
“Achei emocionante. Dilma estava iluminada. Esses debates amarram muito as pessoas de uma maneira geral. É a pessoa que a gente quer ver”, opinou a atriz.
Ao final do evento, cerca de cem pessoas esperavam a candidata do lado de fora. Eles fecharam metade da rua Afrânio de Melo Franco, onde fica o teatro, por alguns minutos para se despedir de Dilma. O repórter do CQC que seguia os intelectuais e artistas que declaram voto na governista foi hostilizado pela multidão sob gritos de “CQC é Serra”.
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